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Bancos e governos na Europa e nos EUA precisam refinanciar US$ 7 tri

Euros 1Governos e bancos na Europa e nos Estados Unidos terão necessidade gigantesca de mais de US$ 7 trilhões de financiamento em 2011, no rastro da deterioração das contas públicas e da qualidade dos ativos de instituições financeiras. Existe quase um consenso entre analistas de que 2011 será um ano de todos os riscos nos mercados, incluindo a ameaça de “choque da dívida soberana” dos países ricos. Essa dívida é 50% mais alta do que em 2007 e duas vezes mais elevada do que nos países emergentes.

Para a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE), mais turbulências no mercado da dívida soberana, principalmente na Europa, podem deteriorar a situação dos bancos e se propagar para a economia real em todas as regiões por meio de custos de financiamento mais elevados, aperto nas condições de crédito e retração nos fluxos de capital.

O Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo, vê um enorme desafio, especialmente para os países mais endividados na Europa, em levantar recursos de que necessitam em 2011. Pelas suas estimativas, os governos (municipais, estaduais e federais) precisarão de financiamento superior a US$ 3 trilhões nos EUA e de US$ 2 trilhões na Europa para fechar suas contas ao longo do ano.

O Japão, que acumula a mais alta dívida pública e de curta maturação entre os desenvolvidos, precisará refinanciar um valor equivalente a 50% do PIB ao final de 2011, conforme outras fontes.

De seu lado, bancos na Europa e nos EUA precisarão refinanciar mais de US$ 1 trilhão, num cenário de redução dos déficits públicos, baixo crescimento econômico e deterioração dos ativos dos bancos – em particular, das instituições detentoras de mais títulos públicos e de créditos para o setor imobiliário.

Países com forte demanda de financiamento em 2011, ou mais dependentes de recursos externos, estão na óbvia situação de vulnerabilidade. Governos e bancos na Espanha, por exemplo, precisam financiar US$ 300 bilhões neste ano. Bancos em Portugal dependem de fontes oficiais, como o Banco Central Europeu, para financiar até 40% de seus ativos. Persiste a desconfiança nos mercados sobre a capacidade de os países ditos periféricos na Europa perseverarem com medidas de austeridade por um período suficiente para alcançar saldos primários, estabilizar e reduzir a dívida.

Para vários países europeus, isso significa um esforço gigantesco. No caso da Grécia, na prática, a relação dívida/PIB deve continuar aumentando para quase 160% até 2013. O temor de “quebra” de um país da zona euro continuará, assim, a afetar a confiança de investidores. Isso fica claro pelo nível a que chegaram as taxas na negociação da dívida de países considerados de risco. Nos empréstimos para a Grécia, a taxa é de 12%, para a Irlanda é 8,6% para empréstimos de dez anos, 6,4% no caso de Portugal e chegou a 5,5% para a Espanha. A Alemanha, referência para a zona euro, chegou a pagar 3%. Nos EUA, o rendimento sobre títulos do Tesouro de dez anos subiu para até 3,5%.

Os mercados continuam esperando uma resposta política efetiva da Europa, já que o Fundo Europeu de Estabilidade, criado pela União Europeia com €440 bilhões, não convenceu investidores. As hesitações oficiais já empurraram a crise de dívida soberana de Grécia, Portugal e Espanha para Itália e Bélgica, embora em menor escala.

Para a agência de classificação de riscos Fitch, a intensificação da pressão por fontes de financiamento em vários países e sistemas bancários atropelaram de vez as garantias oficiais de que uma reestruturação da dívida era inconcebível na Europa. A Fitch vê emergir hoje um consenso nos mercados de que “vários países da zona euro estão próximos da insolvência” por causa da estagnação de suas economias e temores de que, como na Irlanda, os passivos dos bancos acabem empurrando para mais crise da dívida soberana.

O IIF mostra que o setor bancário na Europa acumula passivos muito maiores do que as dívidas dos governos. Na média, representam quatro vezes o tamanho do PIB, variando da Irlanda (9,5 vezes) a Grécia (2,3 vezes). E é nesse cenário que o ajustamento dos países está sendo feito.

A pressão por “funding” de curto prazo por bancos menores na Europa mostra que o socorro de liquidez especial pelo BCE, que dura até março, pode ser insuficiente. Também há falta de recursos em dólar por parte de alguns bancos europeus. Cresce assim o risco de os países serem forçados a buscar apoio financeiro junto à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Por sua vez, os EUA têm sido relativamente poupados de ataques pelos mercados, beneficiados pela máquina de imprimir dólares, símbolo de sua hegemonia na economia mundial.

Mas, apesar de melhores perspectivas econômicas de médio prazo graças a estímulos fiscais adicionais, o déficit e a dívida continuarão aumentando. Pelas projeções atuais, o endividamento total dos governos nos EUA será equivalente a 97% do PIB em 2012. O déficit será o mais alto do mundo, em torno de 8% do PIB.

Para a agência Fitch, a ausência de uma estratégia credível de médio prazo na área fiscal nos EUA está erodindo a confiança na sustentabilidade das finanças públicas e o compromisso de inflação baixa, com implicações adversas para o rating de crédito da até agora maior potência do mundo.

Fonte: Assis Moreira, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.