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Rombo do PanAmericano: Bradesco, BB e Itaú eram os bancos mais expostos ao PanAmericano

Terceiro maior banco do país, o Bradesco ocupava a principal posição entre as instituições que mantinham carteiras de crédito adquiridas do PanAmericano em junho de 2010 – cinco meses antes do anúncio da existência de inconsistências contábeis na instituição. No segundo lugar entre os bancos que mais compraram carteiras do PanAmericano estava o Banco do Brasil e, em terceiro, o Itaú Unibanco (ver quadro ao lado). Juntos, os três detinham carteiras de crédito de R$ 2,79 bilhões da instituição, que até aquele momento pertencia ao empresário e apresentador Silvio Santos. O PanAmericano, no entanto, informava ao Banco Central (BC) a cessão de apenas R$ 673,7 milhões em carteiras de crédito – ou seja, 24% do total transferido às três instituições. O restante constava em seu balanço na conta de carteira própria, inflando os ativos do banco.

O ranking dos bancos mais expostos à crise no PanAmericano foi elaborado pelo Banco Central (BC) e faz parte do relatório da auditoria promovida pela autarquia na instituição. O documento compõe o inquérito policial aberto pela Polícia Federal para apurar indícios de fraudes contábeis e crimes contra o sistema financeiro nacional supostamente cometidos pela antiga diretoria do banco, vendido ao BTG Pactual com um empréstimo do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

O relatório de auditoria produzido pelo BC apontou uma diferença de R$ 3,9 bilhões entre o valor das carteiras de crédito cedidas informado pelo PanAmericano e o valor apurado pela autarquia junto aos demais bancos. De acordo com o documento, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú detinham quase a metade – mais precisamente 49,98% – das carteiras cedidas pelo PanAmericano, mas que continuavam contabilizadas como ativo em seu balanço. De R$ 1,4 bilhão em carteiras compradas pelo Bradesco, apenas R$ 438,3 milhões foram registrados na conta de compensação do PanAmericano. No caso do Banco do Brasil, apenas R$ 18 milhões, de um total de R$ 733,8 milhões em carteiras de crédito cedidas, haviam sido baixadas do balanço da instituição. Já o Itaú Unibanco comprou R$ 636,4 milhões, mas apenas R$ 217,4 milhões foram contabilizados pelo PanAmericano.

A exposição dos três bancos – os maiores do país em ativos – contribuiu para que o BC avaliasse mudanças no FGC. Isso porque o fundo, criado para socorrer os bancos em casos de falta de liquidez, é comandado pelas grandes instituições. Ao decidir emprestar dinheiro para evitar a quebra do PanAmericano, o FGC teria enfrentou um conflito de interesses.

O conflito de interesses reside no fato de que, para evitar uma crise sistêmica no sistema financeiro nacional com uma possível quebra do PanAmericano à época, o BC poderia determinar que as carteiras de crédito cedidas pela instituição fossem retomadas por ela, mediante a devolução dos valores pagos. No entanto, diante da falta de liquidez do PanAmericano, os bancos não receberiam esses valores de volta – o que provocaria rombos em seus balanços. Segundo fontes que acompanham o caso, esse foi o motivo para os bancos terem articulado, por meio do FGC, a operação de salvamento do PanAmericano.

Procurado pelo Valor, o Bradesco informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria se manifestar. O Banco do Brasil informou, também por meio de sua assessoria de imprensa, que não comenta o assunto porque ele envolve questões de sigilo comercial. O Itaú não retornou o pedido de entrevista feito pela reportagem até o fechamento desta edição.

A diferença entre a venda de carteiras apurada pelo BC e a informada pelo PanAmericano levou o Conselho Monetário Nacional (CMN) a editar uma nova resolução para evitar inconsistências entre as informações prestadas pelos bancos cessionários e adquirentes. A norma – a Resolução nº 3.998 – entrou em vigor em 22 de agosto do ano passado e prevê que ambas as partes registrem as cessões de créditos no BC, em sistemas de liquidação financeira de ativos, sob pena de as operações não serem admitidas. A medida tenta evitar a ocorrência de fraudes que encubram rombos nos balanços dos bancos. Mas o mercado de cessão de carteiras anda bastante anêmico e o baixo volume da central de registro criada para esse fim, a C3, indica isso.

Fonte: Cristine Prestes, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.