Regras de segurança de navio podem ser revistas
A tragédia com o cruzeiro que sofreu um acidente na costa italiana na sexta-feira pode levar a uma revisão completa das regras internacionais de segurança em navios de passageiros, depois de o órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pelas normas informar que vai “considerar seriamente” as lições do acidente, que matou pelo menos seis pessoas.
Koji Sekimizu, secretário-geral da Organização Marítima Internacional (OMI), órgão ligado à ONU, falou ontem sobre as implicações do acidente, após a Carnival, dona do cruzeiro Costa Concordia, ter divulgado alguns detalhes do impacto financeiro do acidente. A empresa informou que a perda do navio reduzirá os lucros do atual ano fiscal em até US$ 95 milhões.
As ações da Carnival caíram 16,5% em Londres ontem, a 18,78 libras esterlinas. Alguns analistas estimam que o custo para as seguradoras do navio podem chegar a US$ 750 milhões – o que o tornaria um dos desastres marítimos mais custosos da história.
Na esteira do acidente, críticas foram direcionadas às regras de segurança de navios de passageiro, que não estariam acompanhando o ritmo de aumento do tamanho dos cruzeiros. O Costa Concordia transportava 3.216 passageiros e 1.013 tripulantes.
Sekimizu, que assumiu como secretário-geral da OMI apenas em 1º de janeiro, disse que o órgão “não pode avaliar o acidente levemente”. “Devemos considerar seriamente as lições a ser aprendidas e, se necessário, reexaminar as regulamentações sobre a segurança dos navios grandes de passageiros”, afirmou.
O capitão da embarcação, Francesco Schettino, será interrogado hoje por um juiz que faz investigações preliminares para decidir se o caso passará por um julgamento completo. O capitão poderia enfrentar acusações de múltiplo homicídio, por naufragar e ter abandonado o navio.
O executivo-chefe da Costa Cruises, Pier Luigi Foschi, disse que há alarmes visuais e sonoros que deveriam alertar o capitão quando o navio sai de sua rota. “É claro, se alguém neutraliza manualmente o sistema, o alarme não vai disparar”, acrescentou.
Mesmo se ficar comprovado que o acidente foi inteiramente resultado de um erro do capitão, regras de segurança mais rigorosas ainda poderiam afetar as empresas de cruzeiros. Analistas do Morgan Stanley disseram que o pior cenário para o setor seria que as questões de segurança, incluindo as exigências de botes salva-vidas, ficassem constantemente sob revisão. As equipes de resgate localizaram ontem o corpo da sexta vítima, dentro do navio. Ainda há 16 desaparecidos.
Fonte: Financial Times, Valor Economico