Bancos BCP e Atlântico querem entrar no Brasil
O Banco Comercial Português (BCP) fechou uma parceria com o angolano Banco Privado Atlântico para criar uma instituição financeira no Brasil, de acordo com comunicado enviado ontem à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) – entidade que regula o mercado de capitais português.
O objetivo da nova instituição, segundo o aviso, é fechar negócios na área de finanças corporativas e comércio exterior com empresas brasileiras por meio de parcerias.
O aviso afirma que o novo banco será constituído após a obtenção das licenças e aprovações necessárias para a operação. Formalmente, o banco ainda não deu início a esse processo.
Procurado pela reportagem do Valor, o BCP informou por meio de sua diretoria de comunicação corporativa que não daria neste momento mais detalhes sobre a operação no Brasil.
Maior banco privado de Portugal, com € 99,7 bilhões em ativos, a estratégia do BCP tem sido a expansão internacional para fora da Europa, para ir em busca de mercados que possam oferecer maiores oportunidades de crescimento.
Em julho, a instituição apresentou a seus investidores um plano que previa negócios no Brasil, na África e na China. Atualmente, o BCP atua na Angola, em Moçambique, na Polônia, na Grécia e na Romênia.
O BCP já é sócio do Atlântico em uma instituição angolana, o Millenium Bank Angola.
Além disso, ambos os bancos possuem um sócio em comum, a Sonangol, um conglomerado angolano estatal que atua nos setores de petróleo e gás, imóveis, indústrias, aviação, telecomunicações e até saúde.
Em 2003, a Sonangol se tornou conhecida no Brasil depois de adquirir, junto com outros sócios, um prédio inacabado da distribuidora de energia AES, um edifício instalado em um terreno de 60 mil metros quadrados. Conhecido como “esqueleto da Eletropaulo”, o prédio custou R$ 141 milhões. Três anos depois, o esqueleto foi vendido à WTorre.
Na época, a aquisição chamou atenção pelo fato de a Sonangol ter sido alvo da atenção internacional por causa da falta de transparência na gestão dos recursos gerados pelo petróleo em Angola.
Atualmente, a Sonangol tem negócios na área de petróleo no Brasil, tendo adquirido em 2009 a brasileira Starfish.
Fonte: Carolina Mandl, Valor Economico