Empresas descartam lançar ações no Bovespa Mais
Standard, TCI e Thá avaliaram lançar ações no Bovespa Mais, o mercado de acesso da BM&FBovespa, destinado às pequenas e médias companhias. Mas nenhuma delas se animou em levar o processo adiante; preferiram esperar alguns anos, aumentar de tamanho e ingressar no segmento principal, o Novo Mercado.
José Luis Demeterco Neto, fundador da Standard, diz que o segmento ainda é incipiente diante da falta de liquidez, que ilustra o pouco interesse dos investidores. Sendo assim, os fundos de participações tendem a ser os grandes financiadores das pequenas e médias.
“Atualmente, esses fundos são o canal mais ativo no Brasil. No Bovespa Mais você consegue se listar com um porte pequeno, no entanto, não há investidor comprando os papéis”, diz.
O segmento de acesso conta apenas com a Nutriplant, que estreou em 2008. Mas ano que vem deve ganhar a adesão da Companhia de Águas do Brasil. Na avaliação da bolsa, à medida que outras se listarem, o segmento ganhará corpo para se consolidar, assim como aconteceu com o Novo Mercado. Mas a concorrência tende a ser grande.
Cate Ambrose, presidente e diretora-executiva da Latin American Venture Capital Association (Lavca), diz que as empresas pequenas são o principal alvo de atenção dos fundos de private equity e venture capital quando o assunto é Brasil.
“Há grande quantidade de companhias desse porte que podem receber investimentos, em particular as familiares, que necessitam de profissionalização.”
Giulio Pediconi, diretor da Sodali, vê dificuldades em encontrar investidores interessados em segmentos de acesso. “Muito se fala do AIM, londrino, como um sucesso. Mas, olhando para o mundo, ele é o único que, de fato, teve esse êxito”, diz.
Sandro Westphal, presidente do grupo Thá, conta que declinou de convite do Bovespa Mais pelas mesmas razões que o levaram a recusar o Novo Mercado – a falta de porte e a necessidade de melhorar a governança.
“Víamos as mesmas dificuldades, inclusive pela falta de liquidez”, afirma. Falando especificamente de seu setor, o de construção, ele diz que, quando uma empresa desse ramo tem ações na bolsa, o volume de seus lançamentos e de suas vendas são parte importante da precificação feita pelos investidores no mercado. “Não preciso me obrigar a lançar só porque os investidores precisam deste número para avaliar a empresa. Sem ser listada, posso conjugar melhor estrategicamente meus lançamentos.” (APR)
Fonte: Valor Economico