Governança: Conselheiros devem ser foco de ativismo crescente
A presidente do conselho da Rede Internacional de Governança Corporativa (ICGN, na sigla em inglês), Christianna Wood, acredita que um caminho eficiente para os fundos serem diligentes e participativos é uma maior pressão sobre o conselho de administração das companhias. Ela aposta em um contato maior entre acionistas e conselheiros. De acordo com ela, esse contato é totalmente possível sem ferir o dever do sigilo. “É preciso jogar um holofote na atuação desses profissionais.”
Para Christianna, os conselheiros são interlocutores que têm mais a perder do que a administração executiva, que tradicionalmente se “esconde” atrás da companhia.
No caso do conselho de administração, há pessoas que dependem de sua reputação e credibilidade no mercado e, por isso, tenderiam a ser mais sensíveis às demandas dos investidores. “Ninguém quer ser um pária social.”
Na opinião dela, muitas vezes, apenas expor a companhia e os administradores é suficiente, por conta do constrangimento. A partir daí, seria possível buscar melhorias.
Além da criação do Novo Mercado – que hoje tem 125 empresas negociadas, de um total de 466 listadas na BM&FBovespa -, a regulação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tornou o ambiente mais amigável ao ativismo.
Em especial, a edição das Instruções 480 e 481 facilitaram a rotina dos investidores. A primeira ampliou a transparência, com o substancial aumento do volume das informações divulgadas pelas empresas. E a segunda padronizou alguns entendimentos sobre assembleias, tornando obrigatória a ampliação das informações fornecidas antes das reuniões. Além disso, regulou o uso dos pedidos públicos de procurações.
Para Edison Garcia, presidente da Associação Nacional de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), assim como o regulador, os próprios investidores terão de encontrar o limite de suas ações entre o cumprimento de seu dever fiduciário (e a busca pelo melhor preço para seus papéis) e o dever de votar e agir sempre no melhor interesse da companhia. Para ele, o segredo está numa atuação “pautada pela ética”.
Fonte: Graziella Valenti, valor Economico
