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Compliance, um problema cultural

Globo IÉ comum hoje em dia às grandes empresas terem todo tipo de processos para melhorar a gestão de risco, fraudes e segurança da informação. Existem manuais de procedimentos, senhas diferentes para cada sistema que devem ser trocadas a cada mês, cartões de acesso para ambientes restritos personalizados para cada área, uma politica forte da tal “Chinese wall”. Fazemos cursos de prevenção à lavagem de dinheiro e recebemos diversos treinamentos por e-mails.

Mais comum ainda é escutar sobre as fraudes de contabilidade, as quebras de procedimentos e as exceções que contaminam diariamente toda cadeia de processos.  Senhas pessoais são divulgadas, ambientes restritos são de fácil acesso de todos e os manuais são engavetados.

O que acontece é que as empresas seguem todo um script de regras de controles, e elaboram todos os procedimentos de compliance, mas não conseguem criar uma cultura de prevenção a risco em seus funcionários. As tarefas são realizadas, tão mecanicamente que não é consultado nenhum manual ou diretriz e os procedimentos executados acabam sendo diferentes dos foram criados para uma melhor gestão.

No Brasil, onde já não é difundido o conceito de prevenção, os profissionais seguem seus próprios processos, criam suas planilhas e alteram seus procedimentos sem nem notar o quanto risco estão correndo. A verdade é que a maioria das pessoas não sabe identificar o risco real de suas atividades e das exceções que fazem todos os dias.

É preciso implementar uma cultura forte de compliance nos gestores e nos chefes de cada equipe, uma cultura que valorize a gestão de risco, que divulgue a importância do entendimento de cada manual e que atualize diariamente seus funcionários dos processos ideais a serem seguidos. Se essas ações não vierem das cadeiras de comando não adianta nenhum esforço contra as quebras de conduta e procedimento.

Que cada profissional saiba sua responsabilidade na cadeia de prevenção a risco, que entendam melhor os problemas e penas que podem gerar a quebra dos procedimentos. É preciso que cada um acredite que seguir os manuais é fundamental para sua proteção e para o crescimento da empresa.

Vivemos em uma época dinâmica e criativa, onde as fraudes estão sempre um passo a frente dos controles, os nossos valores de ética e conduta são testados diariamente e acabamos não percebendo as infinitas possibilidades que damos para o acaso.

Não conseguimos seguir as regras de compliance mais básicas nas nossas atividades, dirigimos sem cinto, falamos ao telefone dirigindo, fazemos atividades físicas sem um acompanhamento profissional, ensinamos nossos filhos a dirigir antes do tempo, gastamos quase tudo que ganhamos…

Não seguimos regras básicas de prevenção a risco na nossa vida pessoal, imagina no nosso trabalho. O grande problema de implementar regras de compliance é quebrar um paradigma cultural impregnado na vida do brasileiro, onde as regras não sejam apenas diretrizes e sim o único caminho a ser seguido.

Por Fabio Louzã Campanella – Aluno da SAINT PAUL – Curso: CFM – Certificate in Financial Markets – Turma 5

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Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.