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Porto Forte aprova plano de reestruturação

AcordosOs acionistas da Porto Forte Fomento Mercantil aprovaram ontem um plano de restruturação na tentativa de aliviar pelo menos parte da perda que tiveram na factoring envolvida em um suposto esquema de pirâmide financeira com mais de 450 investidores.

Pela proposta, detentores de ações ordinárias sairão da empresa sem recuperar nada do valor investido. Segundo o Valor apurou, José Ermírio de Moraes Filho, conhecido como Beto Moraes, da família ligada ao grupo Votorantim, como maior acionista da Porto Forte, ainda colocaria mais dinheiro para sanar as dívidas. A informação não é confirmada. “O procurador do Beto Moraes foi orientado a votar no sentido de encontrar uma solução para a empresa”, disse a assessoria de imprensa de Beto Moraes, que investiu na Porto Forte em setembro de 2010.

Já os acionistas preferencialistas serão separados em duas categorias. Quem tem até 900 ações resgatará os papéis em dinheiro a R$ 1,55, com desconto de cerca de 85%, já que foram comprados a R$ 10.

Quem possui mais de 900 ações terá seus papéis convertidos em cotas subordinadas do fundo de direitos creditórios (FIDC) da Porto Forte, de R$ 55 milhões. Porém, sofrerão o mesmo desconto de 85% em relação ao valor investido e ainda dependerão do desempenho do fundo para conseguir o dinheiro investido de volta.

Ao todo, seriam R$ 4 milhões em conversões feitas, sendo que esses acionistas preferencialistas entrariam no lugar do cotista subordinado do fundo hoje, que é a holding Porto Forte. Esse valor ainda poderia subir se uma fazenda da família Ferreira de Camargo, fundadora da Porto Forte por meio dos irmãos Guilherme e Cristiano, fosse vendida.

Presente à assembleia de ontem, Guilherme se comprometeu a reverter os recursos da alienação ao fundo. Durante a reunião, ele foi destituído do cargo de presidente, que agora será assumido pelo consultor Marcos Guedes, segundo informações da assessoria de imprensa da Porto Forte. Procurado pela reportagem, o sócio da Porto Forte não retornou o pedido de entrevista.

Essa proposta ainda depende, porém, de aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e também dos próprios cotistas do fundo de recebíveis, que vão se reunir em assembleia hoje. Até o fechamento desta edição, a CVM não confirmou à reportagem se o assunto entraria na reunião de seu colegiado desta terça-feira.

Na votação da proposta de troca das ações da factoring por cotas do fundo, os acionistas preferencialistas aprovaram um novo gestor para o FIDC, a SRM. Procurada pela reportagem, a SRM, confirmou a informação. “A SRM decidiu fazer uma proposta para gerir o fundo porque queremos defender esse tipo de indústria no Brasil”, diz Marcos Mansur, sócio da SRM. Criada como uma factoring em 2005 pela família Mansur no bairro de Santa Cecília, em São Paulo, a SRM se transformou em uma gestora de fundos de fomento mercantil com R$ 500 milhões em cinco fundos.

A própria SRM também deve entrar com cerca de R$ 3 milhões no fundo Porto Forte como investidora, como forma de mostrar aos demais cotistas o interesse na boa performance do fundo.

O fundo que a SRM pode vir a gerir contém pelo menos um papel lastreado em um empréstimo feito a uma fazenda dos pais de Guilherme, a Santa Marina Agropecuária, e que não foi pago. Segundo o Valor apurou, esse título vale R$ 4 milhões e será provisionado do fundo. Mas os cotistas avaliam que a qualidade geral do resto da carteira é satisfatória.

O escândalo em torno da Porto Forte estourou no fim de fevereiro. A factoring, de capital fechado, captava dinheiro de centenas de investidores com a promessa de um retorno fixo de 170% do Certificado de Depósito Interfinanceiro.

Fonte: Adriana Cotias, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

One thought on “Porto Forte aprova plano de reestruturação

  • Paulino

    Olá Marcos, essa história já tem dois anos de idade, portanto acho oportuno atualizá-lo e a seus leitores sobre a situação atual deste golpe.

    1. O plano de transferir a gestão do FIDC para a SRM de Marcos Mansur mostrou-se outra furada. Nas mãos da SRM de Marcos Mansur, o fundo apresentou perdas superiores a 80%, e foi finalmente liquidado. Os cotistas de Porto Forte, no final, recuperaram cerca de 5% ou menos do total investido originalmente.

    2. Não houve até hoje (e duvido que haverá) nenhuma punição à Porto Forte, ou a seu presidente Guilherme Affonso Ferreira de Camargo, ou a seu sócio majoritário Beto Ermírio de Moraes. O Guilherme, considerado por muitos como o orquestrador do golpe, inclusive recentemente obteve da CVM autorização para atuar como gestor de recursos de terceiros (piada pronta).

    3. Guilherme Camargo é hoje membro do Conselho de Administração da RJCP Equity, pronto para aplicar novos golpes aos pobres incautos investidores desta empresa.

    Definitivamente, o Brasil ainda tem muito o que avançar no quesito de proteções a pequenos investidores, e punições a criminosos do mercado financeiro.

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