Bancos alcançam posição vendida recorde em dólar
Os bancos encerraram o ano com a maior exposição vendida em dólar da história no mercado à vista. Apostando na valorização do real frente à moeda americana, as instituições financeiras acumulavam uma posição vendida de US$ 16,783 bilhões no último dia do ano passado, a mais elevada da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1994.
Os bancos carregam posição vendida no mercado à vista desde abril do ano passado. Antes disso, estavam comprados em cerca de US$ 3 bilhões na virada de 2009 para 2010.
O maior patamar vendido havia sido alcançado em maio de 2007, quando bateu em US$ 15,790 bilhões no mercado à vista. Na época, a excessiva exposição dos bancos levou o BC a soltar medida reduzindo o limite que as instituições poderiam carregar em moeda estrangeira, decisão esta que reduziu à metade a posição no mês seguinte.
A maior parte dessa aposta é patrocinada pelo próprio Banco Central, que adquiriu mais divisas do que o fluxo de moeda estrangeira para o país registrado no ano. O BC fechou o ano com US$ 41,417 bilhões em intervenções diretas no mercado à vista. O valor é US$ 17 bilhões superior ao saldo líquido de moedas estrangeiras que permaneceu no país (US$ 24 bilhões), justamente o valor mantido pelos bancos em posição vendida.
As compras da autoridade monetária no ano foram 72,3% superiores a 2009, quando atingiram US$ 24 bilhões. Quase metade desse valor foi adquirido entre setembro e outubro. Nesse período, o BC retirou do mercado US$ 18,35 bilhões devido ao enorme fluxo de recursos decorrente da oferta de ações da Petrobras.
Mesmo com as compras maciças da autoridade monetária, o dólar fechou o ano em queda de 4,31%, cotado a R$ 1,6662. Em 2009, a valorização do real frente à moeda americana havia sido de 25,3%.
Parte dessa exposição dos bancos é compensada por uma posição comprada em cerca de US$ 12 bilhões no mercado futuro e de cupom cambial da BM&FBovespa. Os investidores estrangeiros, na outra ponta, detêm posição vendida no mercado futuro de cerca de US$ 10 bilhões, entre contratos de dólar futuro e de cupom cambial.
As reservas internacionais fecharam o ano em US$ 288,575 bilhões, com variação positiva de 20,7% no ano no conceito de liquidez internacional.
Fonte: Valor Economico