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Valor Econômico: Dispara o custo de captação para banco médio após casos de fraude

Segundo matéria do jornal Valor Econômico publicada hoje, os bancos médios estão buscando soluções para reduzir o custo de suas captações (funding) conforme abaixo:

Os bancos de pequeno e médio portes, que já enfrentavam problemas para captar recursos desde que foi detectada a fraude do PanAmericano, viram sua situação ficar ainda mais difícil quando o Banco Central (BC) decretou a intervenção no Cruzeiro do Sul em 4 de junho, mais uma vez sob suspeita de irregularidades ligadas ao crédito.

Desde então, tanto o fluxo no interbancário como o acesso a investidores locais estiveram praticamente parados, conta o presidente de um banco de pequeno porte. As operações foram retomadas somente na semana passada, mas em ritmo lento.

O custo médio de captação com emissão de papéis para investidores locais subiu cerca de 3 pontos percentuais, superando a casa dos 110% do CDI. Com a emissão de letras financeiras, com prazos superiores a dois anos, os bancos menores têm pago algo entre 106% a 115% do CDI.

Já quando se trata de captação de recursos de investidores institucionais via CDB, as taxas são ainda mais salgadas. Enquanto um banco grande paga algo entre 101% e 104% do CDI, uma instituição pequena chega a pagar taxas a partir de 120% do CDI, podendo até superar os 130% do CDI.

Mesmo as cessões de crédito (venda de carteira a bancos maiores), instrumento bastante usado no passado para atrair recursos e reduzir a dependência de capital, praticamente secou nos últimos meses. Segundo o Valor apurou, na última semana algumas operações de cessão até foram fechadas, mas em volume insuficiente para manter o padrão de originação de novos créditos dessas instituições.

Com “funding” mais escasso e caro, os bancos médios preferem manter os recursos em caixa, garantindo nível elevado de liquidez, mas reduzindo a liberação de empréstimos.

Como consequência, o Valor apurou que o BC detectou que a liquidez média do sistema, mesmo entre bancos de menor porte, subiu nas últimas semanas. Os bancos, em momentos como esse, seguram a originação de crédito e fazem uma opção pela liquidez.

As ferramentas do BC que monitoram diariamente a condição de liquidez das instituições financeiras não detectou nenhum sinal de estresse, nem individualmente nem no sistema como um todo. A avaliação é que o mercado está funcional.

Ainda assim, como disse o diretor de um grande banco, a tendência é de redução das cessões de crédito. Segundo ele, o problema hoje é de confiança, principalmente quando se trata de instituições especializadas em crédito ao consumo. Depois dos casos de fraude, ninguém tem certeza se os créditos existem de fato.

Esse diretor, que prefere o anonimato, disse que a questão de vender o mesmo crédito pra dois bancos diferentes (prática usada pela administração do PanAmericano) foi resolvida com a criação da Central de Cessão de Crédito (C3), em agosto de 2011, embora não totalmente funcional – falta definição para os controles que permitem a averiguação de pagamento antecipado de crédito consignado e de financiamentos de veículos.

Mas problemas recentes detectados em outros bancos levantaram outras suspeitas. “Não sabemos se um crédito cedido como consignado é de fato um consignado, já que o banco que compra a carteira não tem acesso aos sistemas das instituições que controlam as folhas de pagamento, como as prefeituras, por exemplo”, disse a fonte.

Outra dúvida é se nos casos de uma liquidação antecipada dos empréstimos pelos clientes os bancos de fato quitam a operação para repassar os valores dos créditos cedidos no ato, ou se mantêm o fluxo de pagamentos como se o cliente continuasse pagando as prestações.

Com tantas incertezas, os bancos grandes preferiram a cautela e praticamente interromperam as compras de carteiras de instituições menores. “As grandes instituições financeiras ficaram escaldadas pelos escândalos recentes”, afirma o acionista de um pequeno banco.

As poucas cessões registradas estão com custo bastante salgado, que só não subiu mais nos últimos meses por causa da queda da taxa Selic, que compensou um pouco. O custo de cessão hoje está na casa dos 150% do CDI, podendo chegar a 180% do CDI. Grosso modo, o banco médio empresta a 2% ao mês e capta a 1,5% ao mês.

Todas as cessões são feitas com coobrigação, ou seja, a instituição continua a ser solidária no risco dos empréstimos – até haveria a possibilidade de se fazer sem coobrigação, mas seria uma transação operacionalmente ainda mais cara e difícil.

Os bancos grandes limitam ainda o valor da carteira ao patrimônio líquido da instituição cedente. Até por isso, os bancos médios mais parrudos, com mais capital e geração de crédito, ainda conseguem ceder parte das carteiras.

Além dos receios com as carteiras, a avaliação é que o modelo dos bancos médios que financiam o consumo não se sustenta. Cada vez mais existe a necessidade de escala na concessão de crédito, em meio à queda das taxas de juro e, consequentemente, das margens. Soma-se a isso a dificuldade com a captação de recursos a custos elevados, que torna a operação pouco rentável.

Há ainda uma dependência muito grande de mão de obra terceirizada, com custo elevado – como o “pastinha” (correspondente bancário) para o crédito consignado e a concessionária no crédito de veículos, que chega a receber comissão de 15% do valor total da operação.

O custo de captação de bancos pequenos e médios no mercado doméstico vem aumentando desde junho do ano passado, quando se acentuou a aversão a risco por parte de investidores estrangeiros. Nem mesmo a liberação de parte do depósito compulsório dos grandes bancos para a aplicação em letras financeiras e compra de carteira de bancos menores conseguiu levar alívio de “funding” as essas instituições financeiras.

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http://www.valor.com.br/financas/2735904/dispara-o-custo-de-captacao-para-banco-medio-apos-casos-de-fraude#ixzz1zYO2FCST 

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.