Suposto desvio pode envolver contratos com companhias de diretores do banco
Uma das teses que surgiram durante as investigações que apuram as causas do rombo na contabilidade do Banco PanAmericano é a de que alguns de seus ex-diretores tenham desviado recursos da instituição – e que o modus operandi desses desvios teria sido a celebração de contratos entre empresas do grupo de Silvio Santos e companhias cujos sócios são esses executivos.
O Valor apurou que no decorrer das investigações realizadas pelo Banco Central (BC) e pela Polícia Federal (PF) foram identificados contratos fechados entre o PanAmericano e empresas ligadas aos ex-diretores. Um dos alvos principais dessas investigações, segundo fontes ouvidas pela reportagem, é o ex-presidente do banco, Rafael Palladino.
Palladino trabalhava no banco de Silvio Santos desde 1991 e foi afastado em meados de novembro, após a descoberta de irregularidades no balanço da instituição. Embora ocupasse o posto de diretor superintendente do PanAmericano, Palladino é sócio de diversas empresas registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) e no Departamento de Estado da Flórida.
Na junta paulista o executivo tem dez empresas registradas, algumas em seu nome, outras em conjunto com sua esposa, Ruth Ramalho Palladino, e as demais têm como sócias outras companhias de sua propriedade. Dessas, três são postos de combustíveis, uma de transporte de cargas, duas de eventos e promoções, uma de negócios imobiliários e as demais de participações de investimentos.
Já as três companhias registradas por Palladino na Flórida – a Artech 526 LLC, a Ivy PH5 LLC e a Max America of Florida LLC – foram registradas entre o segundo semestre de 2009 e o fim de 2010. Em nome delas estão dois imóveis localizados em condomínios de luxo em Miami Beach, que foram adquiridos por pouco menos de US$ 2 milhões.
Não se sabe, até o momento, se há alguma medida tomada pelas autoridades brasileiras para pedir à Justiça americana o bloqueio das propriedades de Palladino em nome de suas empresas no exterior. No Brasil, no entanto, o Valor apurou que quatro de suas empresas – a Max Control Evento e Promoção, a Max América Participações, a Max América Negócios Imobiliários e a RCF – Administração e Participações – tiveram suas contas bancárias bloqueadas por decisão da Justiça Federal. A suspeita é a de que tenha havido desvio de recursos do PanAmericano por meio dessas companhias mediante a prestação de serviços. As contas de Palladino e de outros quatro diretores e três funcionários do PanAmericano investigados também foram bloqueadas.
Procurado pela reportagem, Rafael Palladino informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que dará entrevistas somente após prestar depoimento à Polícia Federal e à Justiça. (CP)
Fonte: Cristine Prestes, Valor Economico