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Société reduz bônus a funcionários e corta dividendos a acionistas

O Société Générale (SocGen), segundo maior banco de capital aberto da França, anunciou que diminuirá as bonificações a funcionários e não distribuirá dividendos em 2011, depois de passar por um trimestre complicado em meio aos esforços para cumprir novas exigências de capital mais rigorosas. O banco, primeiro da França a deixar de distribuir dividendos neste ano, reiterou que conseguirá cobrir seu déficit de capital, estimado em € 2,1 bilhões, sem necessidade de ajuda pública ou privada.

O compromisso do banco de reforçar o capital – mesmo à custa dos lucros, que ficaram abaixo das previsões e caíram 31% no terceiro trimestre – impulsionou as ações e recebeu elogios de investidores, temerosos quanto à capacidade dos bancos da região do euro de resistir à crise das dívidas soberanas europeias.

“O que é particularmente satisfatório são os passos tomados para fortalecer o balanço patrimonial do SocGen […] os números ficaram abaixo das expectativas, mas as ações vinham sendo negociadas a valores muito baixos”, disse Marco Bruzzo, chefe da Mirabaud Gestion, em Paris. As ações do Société Générale têm sido negociadas a menos da metade de seu valor contábil.

O lucro do banco no terceiro trimestre caiu para € 622 milhões, abaixo das previsões do mercado, de € 858 milhões, segundo pesquisa da “Reuters”, afetado por baixas contábeis em títulos soberanos e pela agitação dos mercados financeiros. Durante o trimestre, no entanto, o Société Générale conseguiu vender € 10 bilhões dos chamados ativos “tóxicos”, remanescentes da crise passada sem incorrer em grandes custos, o que lhe permitiu elevar sua taxa de capital próprio de nível 1, de 9,3% o fim de junho para 9,5% em setembro.

“A prioridade do SocGen consiste em melhorar seu capital”, disse o executivo-chefe do banco, Frédéric Oudéa. “Queremos estar alinhados com esses objetivos [de capital] o mais rapidamente possível”, afirmou, acrescentando que haverá uma redução significativa nos bônus pagos a funcionários em suas áreas de banco de investimento e de atendimento a empresas.

O Société Générale vem reduzindo dívidas e vendendo ativos principalmente em seu banco de investimento, que é uma de suas principais fontes de lucro, mas enfrenta dificuldades em meio à volatilidade dos mercados. O lucro da divisão de banco de investimento caiu 83,5%, para € 77 milhões, com as operações de renda fixa particularmente atingidas pela crise das dívidas soberanas.

No fim de outubro, a carteira de investimentos em ativos tóxicos do banco, que inclui os “títulos lastreados por hipotecas” (MBS, na sigla em inglês), havia encolhido para € 18,6 bilhões, de acordo com o banco. No fim de 2010, o valor era de € 32,8 bilhões e o Société Générale pretende reduzi-lo para cerca de € 13 bilhões até o fim de dezembro de 2012. “Os números foram amplamente tranquilizadores […] estávamos aguardando algo realmente muito ruim vindo do SocGen”, disse o gestor de fundos Yohan Salleron, da Mandarine Gestion. “Sabíamos que os dividendos teriam que ser derrubados.”

O banco almeja cortes de custos rigorosos em seu banco de investimento, afirmou o chefe da divisão, Michel Péretié, em teleconferência para analistas. “[Estamos] almejando uma redução de custos para o próximo ano de algo entre 5% e 10%”, disse. “É um plano de redução de custos muito severo para o próximo ano.”

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, já se pronunciou sobre a questão das bonificações salariais no país, dizendo que precisam ser mais sensatas e que os bancos não podem mais depender do governo como primeira instância para socorrê-los.

A unidade francesa de varejo do Société Générale apresentou desempenho sólido, com alta de 15% no lucro, beneficiada pelo aumento nos créditos imobiliários e conquista de novos clientes. O banco informou ter levantado € 4,1 bilhões em financiamento de longo prazo no terceiro trimestre, a um spread de 100 pontos-base. O Société Générale deu baixa contábil de 60% no valor de seus investimentos em dívida gregas, em linha com o BNP, rival francês de maior escala. Também deu baixa de € 200 milhões no valor de algumas atividades ligadas ao crédito ao consumidor.

O Société Générale é mais um banco europeu a informar que reduziu sua exposição às dívidas soberanas da região do euro. Entre setembro e outubro, sua carteira de títulos de dívidas dos chamados países periféricos da região do euro caiu de € 3,65 bilhões para € 3,43 bilhões. Os títulos italianos em mãos do banco, no entanto, subiram de € 1,55 bilhão para € 1,57 bilhão. “A Itália não é a Grécia”, disse o executivo-chefe Oudéa, ao comentar a recente alta do rendimento dos bônus italianos. “A questão é adotar medidas que reduzam [a dívida].”

O Société Générale também tem exposição na Grécia por ter uma subsidiária local, o Geniki, parte da rede internacional de varejo cujo lucro caiu quase 40% no trimestre.

Fonte: Lionel Laurent e Matthieu Protard | Reuters, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.