Piramide Financeira: Novo Madoff é condenado a 110 anos de prisão nos EUA
A história a seguir é exemplar de como o mundo financeiro funcionou nos últimos anos. Seu final é pedagógico.
Allen Stanford, um texano de 62 anos, tinha um bom faro para ganhar dinheiro com a desgraça alheia.
No início dos anos 1980, percebeu que poderia enriquecer comprando imóveis desvalorizados pelo estouro da bolha imobiliária no Texas.
Esperou o mercado reaquecido, vendeu e lucrou.
Mas o mercado imobiliário era pouco, e o aventureiro partiu para o financeiro.
Vivíamos a exuberância irracional, quando todos queriam ganhar muito dinheiro e desprezavam riscos.
Stanford abriu um banco de investimentos, com sede na América Central. Primeiro em Montserrat, depois em Antígua e Barbuda. Oferecia produtos tão “rentáveis” que atraiu milhares de clientes em mais de cem países.
Tornou-se um bilionário e dividia seu tempo entre os EUA e a paradisíaca Antígua e Barbuda, onde tinha vários iates e jatinhos.
Seu esquema, fraudulento, era uma espécie de pirâmide, que se sustentava porque mais e mais investidores eram atraídos pela promessa de bons rendimentos.
Mas veio a crise financeira de 2008, a quebra do Lehman Brothers, e investidores passaram a ter mais medo.
Autoridades financeiras dos EUA investigam Stanford e descobrem que muito dinheiro só existia nos balanços de seu banco. O real fora gasto com o luxuoso estilo de vida que levava.
A fraude, de US$ 7 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões), vitima mais de 30 mil pessoas.
Diferentemente de outros casos famosos, Stanford não consegue fugir. É preso, e ontem foi condenado nos EUA a 110 anos de prisão.
Os promotores queriam mais, 230 anos. A defesa, bem menos: 44 meses. A pena foi 40 anos inferior à dada a Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq condenado por fraude de US$ 17 bilhões (R$ 35 bilhões) em 2009.
O ex-bilionário ouviu a sentença com roupas de presidiário. Segundo pessoas que estavam lá, não mostrou arrependimento.
Fonte: VAGUINALDO MARINHEIRO, Folha de S.Paulo