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Fundos FIDC: Todos querem crédito

Com os juros em queda, os investidores em renda fixa estão procurando alternativas mais lucrativas do que os tradicionais CDBs ou fundos de renda fixa. Uma das opções prediletas tem sido os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Esses produtos, que dão ao investidor o direito de receber parcelas de financiamentos de todos os tipos, existem há dez anos, mas só agora estão se popularizando entre os investidores individuais. Segundo a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P), a captação dos FIDCs, em 2011, está muito acima do esperado. O previsto para o ano era de R$ 15 bilhões, mas essa cifra já foi atingida em agosto. “O total captado neste ano deve chegar a R$ 20 bilhões”, diz Leandro Albuquerque, analista de crédito da S&P. “Somente em setembro, fizemos oito avaliações de novas emissões, um recorde.”

Hoje, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registra 200 fundos ativos, com um patrimônio de R$ 75 bilhões. Tanta demanda é explicada pela boa rentabilidade. Esses fundos rendem mais que as aplicações de renda fixa convencionais porque o investidor recebe uma parte dos juros elevados cobrados de quem pede dinheiro emprestado. A rentabilidade média dos FIDCs tem sido equivalente a 140% dos juros de mercado, medidos pelos Certificados de Depósito Interfinanceiro (CDI), que dão um retorno bruto de 16% ao ano. Para comparar, os melhores fundos de renda fixa convencionais vêm rendendo em média 95% do CDI, pouco menos de 11% ao ano. Trata-se de uma diferença de cinco pontos percentuais a favor dos FIDCs. Para conseguir esses retornos, esses papéis reúnem vastos lotes de créditos que uma empresa tem a receber, como pagamentos com cartão de crédito ou financiamentos para a compra de imóveis ou automóveis.

Daí eles serem chamados também de fundos de recebíveis. A busca dessa rentabilidade maior motivou o administrador de empresas paulista Renato Galotti a investir em FIDCs, no início de 2010. “O retorno elevado me fez colocar 20% do meu patrimônio nessa aplicação”, diz ele. Investidor sofisticado, Galotti já teve experiências ruins com crédito ao apostar em uma empresa de fomento mercantil. “Depois disso, preferi reduzir meu risco e optar por recebíveis pulverizados, por meio dos fundos”, diz. Sua escolha foi o fundo Quatá FIDC Multissetorial, da Quatá Investimentos, com patrimônio líquido de R$ 70,5 milhões e que rendeu 13,86% no ano até o dia 17 de outubro. André Macedo, sócio da Quatá e gestor do fundo, diz que sua estratégia é preferir recebíveis de empresas que faturam entre R$ 100 milhões e R$ 1 bilhão por ano e atuem em setores menos vulneráveis às oscilações da economia, como alimentos e infraestrutura. “Conseguimos um retorno médio de 140% do CDI em 12 meses”, diz Macedo.

Claro que juros mais altos não vêm de graça. Para ganhar esses pontos percentuais a mais, o investidor corre mais riscos do que numa aplicação convencional. “Empréstimos consignados apresentam uma inadimplência média de 2%, no financiamento de veículos novos esse percentual é de 4% e, na compra de veículos usados, o calote médio chega a 7%”, diz Antonio Oliveira, superintendente-executivo do mercado de capitais do HSBC. Os FIDCs não possuem apenas recebíveis de varejo, mas podem ser montados também com duplicatas e cheques de uma ou de várias empresas. Um ponto a ser analisado com lupa na hora de aplicar em um FIDC é a estrutura que o fundo montou para proteger os investidores do calote. Na maioria dos casos, o gestor reserva uma fatia do dinheiro captado junto aos cotistas para fazer frente à inadimplência. Se um devedor não pagar, essa reserva – chamada de estrutura subordinada – será usada para cobrir o buraco. Quem aplica em um fundo, porém, não investe nisso, mas compra as chamadas cotas seniores.

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“O percentual total de cotas subordinadas, ou o colchão contra inadimplência, é importante em nossa avaliação do risco de um FDIC”, diz Albuquerque, da agência S&P. Esse é um investimento de longo prazo. O empresário rural paulista Renato Dias é um entusiasta do produto há tempos. “Investi em FIDC há dois anos e tive um ótimo resultado, mas fui obrigado a resgatar porque precisei do dinheiro”, diz. “Agora estou investindo novamente e só vou sacar se surgir uma oportunidade de negócio para minhas fazendas.” O crescimento dos FIDCs é consequência do amadurecimento da indústria de fundos. Além das vantagens para os investidores, as empresas emissoras também podem usar esses instrumentos como uma alternativa de captação. O vice-presidente da Associação Brasileira das Entidades de Mercado de Capitais (Anbima), Alberto Kiraly, está animado com a efervescência do produto. Somente no mês passado, 27 fundos do tipo foram estruturados. “Ao optar por esses fundos, as empresas e os bancos tiram os recebíveis do balanço e conseguem recursos para usar como capital de giro”, diz Kiraly.
Fonte: Fernanda PRESSINOTT, Istoé Dinheiro

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.