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Operações não autorizadas? Falta de Controle Interno? Negligência Operacional?

Esta semana a mídia informou que o UBS AG identificou uma fraude de US$ 2 bilhões e alegaram que foi por motivo de operações não autorizadas, ausência de controles internos mudou de nome? Ausência de monitoramento operacional causa estas coisas.

Notícias de fraudes, provenientes de informações nebulosas, entre outras irregularidades corporativas causam grandes questionamentos. Mas, será que implementar controles internos e indicadores de riscos são suficientes? Será que o controle por parte da alta administração não esta negligente para reduzir ou minimizar os riscos de fraude? Será que devemos culpar somente a conduta moral para mudança de procedimento no mundo corporativo?

O fato é que o assunto é dependente da vontade da organização e dos profissionais envolvidos no operacional. Seria muito importante que a conduta moral fosse prática ativa das pessoas, isso facilitaria os procedimentos internos, sem a interminável busca por controles mais eficientes e que venham salvaguardar os ativos da empresa. Mas porque as fraudes continuam aumentando?

Neste momento aparecem alguns especialistas e dizem que é difícil se proteger completamente contra operações não autorizadas, já que os operadores geralmente escondem suas perdas usando métodos fraudulentos. E para piorar, eles também disseram que a supervisão da diretoria nem sempre se mantém ao pé da complexidade das operações, e que supervisores, assim como operadores, cometem erros.

Mas muito me entristece ouvir de alguns profissionais, afirmações como esta publicada no Wall Street Journal:“Você nunca vai conseguir parar totalmente esses operadores trapaceiros”, disse Tom Kirchmaier, membro do grupo de mercado financeiro da Faculdade de Economia de Londres. “Os bancos são muito sofisticados, mas eles tropeçam no básico, tais como quem está na chefia e qual é a linha de controle”, disse ele.

Lógico se os profissionais de controles internos e gestão de riscos não entendem como o negócio funciona, será realmente impossível, afinal muitos não conhecem muita coisa de instrumentos derivativos, contabilidade, seja ela societária ou gerencial, e acham que controles internos e compliance são somente normas e procedimentos e prevenção a lavagem de dinheiro.

Lembra de Jérôme Kerviel, que causou uma perda de US$ 7,2 bilhões ao banco francês Société Générale SA em 2008, fez operações falsas para esconder suas perdas e continuamente deletava essas operações logo antes de inspeções, para reabri-las depois, segundo a auditoria deles, mas ninguém esconde facilmente US$ 70 bi, não acham?

A fraude do banco PanAmericano, fresca em nossa memoria com quase R$ 5 bi de fraudes operacionais com envolvimento da diretoria e segundo a Policia Federal, 12 personagens sob investigação realizaram 38 transferências que totalizaram R$ 76,92 milhões em três anos, 2008, 2009 e 2010. Para duas empresas controladas por Palladino, Max Control Assessoria e Investimentos e Max Control Evento e Promoção, foram repassados R$ 19,88 milhões, aponta a PF. “Nunca soube disso”, afirmou Silvio.

E do Barings Bank (1762-1995) foi o mais antigo banco de negócios em Londres até o seu colapso em 1995, após um dos funcionários do banco, Nick Leeson, que perdeu £ 827.000.000 (US $ 1,3 bilhões), principalmente especulando sobre contratos de futuros, sem monitoramento ou controle de ninguém.

Portanto, até quando vamos ficar nos escondendo em desculpas das complexidades das operações? Ou viver neste mundinho de faz de conta? Exatamente há uma semana estava palestrando no 6º GRM 2011 em Fortaleza, mais um evento da Daryus Consultoria, falava sobre “descontrole interno e (dês) governança de TI” e alertava que se não conhecermos o nosso negócio, dificilmente implementaremos uma gestão de controles internos e riscos eficientes e evitaremos fraudes e erros como o do UBS.

Lanço aqui algumas perguntas: Até quando estaremos a mercê da falta de gestão de controles internos e compliance? Quantas empresas vão perder dinheiro e negócios por falta de gestão de governança adequada?

* Marcos Assi é professor e coordenador do MBA Gestão de Riscos e Compliance da Trevisan Escola de Negócios, e autor do livro “Controles Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na gestão dos negócios” (Saint Paul Editora). Consultor de Riscos Financeiros e Compliance da Daryus Consultoria.

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.