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Fraude no UBS revela brechas no mercado de ETFs

As alegadas operações não autorizadas no banco suíço UBS AG, que resultaram em prejuízo de US$ 2,3 bilhões, estão pondo à mostra uma brecha nas regras europeias do mercado mobiliário que em breve poderá ser sanada.

Um dos caminhos nas investigações do banco, que entram no seu sétimo dia, é examinar se o operador tinha conhecimento das regras para a liquidação dos fundos negociados em bolsa (ETF, na sigla em inglês) na Europa, segundo pessoas a par do assunto. Uma lacuna na informação das operações provavelmente contribuiu para a falha no rastro da documentação impressa ou eletrônica que normalmente iria reconciliar os fluxos de caixa e de operações no UBS, disseram pessoas a par da situação.

O escândalo surge num momento em que os reguladores europeus estudam maneiras de reforçar as regras das operações do mercado mobiliário. No mês que vem a Comissão Europeia deverá propor uma nova estrutura regulatória que vai contemplar a questão da transparência do mercado europeu de ETFs.

Pessoas a par do assunto identificaram o trader como Kweku Adoboli, de 31 anos, natural de Gana, que foi acusado criminalmente no Reino Unido por fraude e contabilidade falsa. Ele permanece sob custódia. Os advogados de Adoboli, que não se declarou culpado nem inocente, e ainda não é obrigado a fazê-lo, não quiseram comentar.

Alega-se que o trader sofreu prejuízos apostando em ações americanas e europeias, como declarou o UBS em um comunicado no domingo. Para esconder as transações especulativas, que são proibidas na mesa da UBS em questão, o trader criou uma carteira de transações tipo espelho, usando posições não existentes em ETFs, segundo as pessoas a par do assunto. O objetivo era combinar os dois registros contábeis paralelos, a fim de minimizar ganhos ou perdas gritantes.

Embora alguns detalhes ainda não estejam claros, o operador conseguiu aparentar que realizava transações com ETFs sem disparar alarmes, pois algumas operações não exigem confirmação. Se as transações realmente tivessem ocorrido e fossem registradas nos computadores do UBS, os lucros e perdas dessas operações seriam monitorados, disseram as pessoas a par do assunto.

No mercado americano de ETFs, essas operações ocorrem através de bolsas, deixando assim um rastro de comprovantes das transações. Mas na Europa, onde a mesa da UBS negociava futuros de índices e ETFs, as operações de ETF são mais opacas, pois a maioria delas não ocorre, na verdade, por meio de bolsas. Em vez disso, as transações são bilaterais, feitas no mercado de balcão entre investidores, inclusive bancos, e exigem menos informes.

Nos Estados Unidos há cerca de US$ 1 trilhão em ativos ETF, em comparação com US$ 321 bilhões na Europa, segundo a BlackRock Inc. As ETFs, consideradas uma alternativa mais barata e mais líquida do que os tradicionais fundos de índices de ações, vêm se tornando muito populares.

Nos EUA, como as operações de ETF têm que ser realizadas em bolsa, “a trilha da auditoria é muito mais definida e mais regulamentada do que na Europa”, disse Richard Keary, diretor e fundador da consultoria novaiorquina Global ETF Advisors.

A lacuna na documentação de ETFs na Europa já é conhecida há vários anos. Em um artigo de 2009, IFAonline, agência de mídia financeira britânica, informou que 75% do comércio europeu de ETFs ocorria fora das bolsas, fato que chamou de “anomalia legislativa”, implicando que “não se exige que nenhuma dessas transações seja informada”.

Segundo uma das pessoas a par do assunto, alguns bancos informam voluntariamente as operações, mas Adoboli podia saber quais deles não informam, pois ele já trabalhou no escritório de processamento de documentação da UBS.

A Comissão Europeia vai propor no mês que vem um novo quadro regulatório para governar as operações mobiliárias na União Europeia. A UE já estava estudando a questão antes que o caso do UBS pusesse o problema no centro das atenções.

Fonte: CARRICK MOLLENKAMP e DANA CIMILLUCA, WSJ Americas

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.