Mais alguns problemas de gestão para o FGC, Bacen e mundo corporativo
Ausência de índole, controle interno, compliance, conduta e ética, falhas operacionais, processos de auditorias deficientes, falta de supervisão, profissionais de baixo nível moral, crime de colarinho branco, escolha três itens destes acima e veja se encaixa nos últimos escândalos financeiros do país.
Desde 2010, os bancos pequenos e médios sofreram intervenções do BC e foram liquidados, como, por exemplo, o Cruzeiro do Sul, Oboé Financeira, o Prosper e o Morada. Outros foram comprados por instituições financeiras como o Banco Panamericano (BTG Pactual), Banco Matone (Banco JBS), Banco Schahin (Banco BMG), financiados pelo FGC, diga-se de passagem. Irregularidades administrativas ou fraudes no balanço aparecem em todos os casos.
E agora vem o BVA por que em outubro de 2012, o Banco Central decretou intervenção no BVA, com sede no Rio de Janeiro, que segundo o BC, a medida foi tomada em função do comprometimento da situação econômico-financeira do banco. A autoridade monetária afirmou que foram detectadas “graves violações às normas legais” e “descumprimento de normas que disciplinam a atividade da instituição”.
Desde então, os bens dos controladores e dos ex-administradores do banco estão indisponíveis. De acordo com suas demonstrações contábeis, o BVA encerrou 2011 com patrimônio líquido de 747 milhões de reais. No entanto, fontes indicam que o valor real é de 580 milhões de reais negativos, conhecido como Patrimônio a descoberto (A + PL = P), há muito tempo não via isso, mas a teoria virou pratica.
Mas por que isso vem acontecendo? Ausência de índole, controles por parte de órgãos reguladores, deficiência em auditorias, fragilidade de conduta e ética, acredito que seja um conjunto de tudo isso, mas até quando os clientes e correntistas vão suportar? O FGC teria caixa suficiente para suprir a demanda.
O Banco Central comenta que vai partir para controlar a conduta dos bancos, já estava demorando, portanto mais uma vez devemos buscar a credibilidade no mercado, cobrando gestões mais responsáveis e buscar o fim da impunidade, somente assim podemos moralizar e demonstrar maior credibilidade ao mercado.
Gostaria de externar a minha tristeza a cada acontecimento deste, pois desde o escândalo do PanAmericano, tenho evidenciado que a cada problema como este a classe contábil, as auditorias, o Bacen e o mercado financeiro sofrem com o descrédito de todos e não é sem motivo, #pensenisso.
* Marcos Assi é professor do MBA USCS, UBS, Saint Paul Escola de Negócios, da FIA (Labfin) entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na gestão dos negócios” e “Gestão de Riscos com Controles Internos – Ferramentas, certificações e métodos para garantir a eficiência dos negócios” pela (Saint Paul Editora) e consultor da MASSI Consultoria e Treinamentos.