Irregularidades no Cruzeiro do Sul foram praticadas por 10 anos, diz BC
As supostas fraudes que levaram o banco Cruzeiro do Sul a um rombo contábil de R$ 2,23 bilhões foram praticadas por, no mínimo, uma década. É o que aponta o relatório final da comissão de inquérito do Banco Central obtido pela Folha.
Desse total, R$ 1,27 bilhão –praticamente a metade– foi gerado por “operações falsas e inexistentes” envolvendo a venda de títulos para FDICs (Fundo de Investimento em Direito Creditório).
Um deles, por exemplo, envolvia uma empresa que estava inativa desde 2008.
Entre maio e agosto de 2011, foram detectados 7.572 clientes com mais de duas operações ativas contratadas (crédito consignado). Cada uma delas estava vinculada a órgãos conveniados distintos, muitas vezes em Estados diferentes. A análise feita pelos interventores não identificou qualquer liberação de recursos pelos clientes.
Esse resultado foi obtido a partir da inspeção, pela equipe do BC, de 320 mil contratos em cinco empresas financeiras do grupo Cruzeiro do Sul.
No total, o rombo contábil gerado por todos os contratos fictícios (não somente os de FDICs) somou R$ 1,38 bilhão, afirma o relatório.
ESMERALDAS
A diferença (R$ 848 milhões) em relação ao rombo total seria explicada por outras operações irregulares. Uma das principais teria sido a simulação de empréstimos aos controladores do Cruzeiro por meio de “laranjas”.
Segundo o BC, o banco “vendia” títulos para esses “clientes” e usava os recursos supostamente pagos para aplicar em cotas de fundos de investimento. Esses fundos, por sua vez, compravam papéis emitidos por uma empresa, a Patrimonial Maragato, de Luís Octávio e Luiz Felipe Indio da Costa, ex-controladores do Cruzeiro do Sul.
O maior dos fundos, o Prosper Flex, concentrou R$ 147 milhões em transações supostamente simuladas. Os tomadores de empréstimos não tinham capacidade financeira, de acordo com o BC.
Ainda de acordo com o relatório, houve transações com laranjas para envio de recursos ao exterior. Também foram encontrados R$ 2,5 milhões em esmeraldas no cofre do banco. Um especialista contratado para fazer a investigação atestou que as pedras eram falsas.
(JULIO WIZIACK E TONI SCIARETTA)
Se entendi corretamente, vem do Banco Central do Brasil a admissão de irregularidades durante 10 anos. Isso significa que, embora haja órgão fiscalizatório neste país, é possível fraudar durante 10 anos!
Em 10 anos, pode-se construir um império colossal, arrecadando os recursos da população que, durante décadas, trabalhou e economizou para constituir patrimônio visando o bem-estar de seus familiares.
Está aí a receita para tornar-se rico no Brasil, com o apoio do Banco Central.
Ao final da receita, antes de levar ao forno, convém distribuir fartos pedaços aos participantes da culinária.
Só de olhar, os números assustam. A imagem que se tem no momento é que encheram tanto os bolsos, que não mais conseguirão fazer um movimento sequer. Olho neles; pois, a fim de andar, correr e pular, podem esvaziar de uma só vez os bolsos quando estiverem diante de alguém pouco escrupuloso. Se isso ocorrer, lá se vão as esperanças dos credores; pois, como num filme já visto, os réus manter-se-ão livres e satisfeitos e os credores terão de aceitar qualquer migalha ante a ameaça de não resgatar absolutamente nada de seu patrimônio.
Olho neles, mais uma vez, pois somos todos humanos e poucos são aqueles que não cegam diante do brilho intenso de certos metais. Será um sonho que tive ou será uma premonição?