Intervenção do Bacen: Fundos da Oboé seguem fechados para resgates
Os cotistas dos três fundos multimercados de crédito privado administrados pela Oboé CTVM, com sede em Fortaleza (CE) – em intervenção desde setembro -, decidiram manter as carteiras fechadas para aplicações e resgates de recursos. As informações foram adiantadas ao Valor por Luciano Marcos Souza de Carvalho, interventor da instituição, nomeado pelo Banco Central. A decisão da intervenção foi tomada diante do comprometimento patrimonial e financeiro da empresa.
Sem precisar valores, Souza de Carvalho disse que provisões para perdas precisarão ser realizadas nos portfólios, já que as carteiras aplicavam em cotas de outros fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) da Oboé. “E, nesses fundos, há muitos créditos cedidos por empresas que não estão sendo pagos”, afirmou ele. “A redução patrimonial vai depender do nível de exposição dos fundos a esses papéis.”
Inicialmente, a intervenção ocorreu na financeira Oboé. Mas, por extensão, também sofreram a Companhia de Investimentos Oboé, a Oboé Tecnologia e Serviços Financeiros SA e a Oboé Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários. Antes da intervenção, o Banco Central havia determinado que medidas de saneamento fossem adotadas pela instituição, mas a empresa protelou o cumprimento das determinações da fiscalização.
Segundo Souza de Carvalho, em assembleia, os investidores dos multimercados decidiram, ainda, procurar outro administrador para as carteiras e elegeram um representante para ficar em contato permanente com o interventor a fim de obter informações sobre os papéis presentes nos portfólios. Uma nova assembleia foi marcada para os dias 21 e 22 deste mês, quando os cotistas voltarão a deliberar se mantêm ou não as carteiras fechadas para aplicações e resgates após as provisões para perdas.
Dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que os três fundos multimercados de crédito privado – Regente, Erudito e Dueto – contam, no total, com 345 cotistas. E as carteiras têm forte participação em dois FIDCs da financeira: o Oboé Multicred e o Clássico FIDC.
Das três carteiras, a que reúne o maior número de investidores é o Erudito, com 342 cotistas. O fundo tem 40,92% do patrimônio aplicado no Regente, 28,43% no Dueto, 17,44% no Clássico e 13,21% no Multicred. O patrimônio somava R$ 37,699 milhões no dia 5. Já no caso do Regente, 76,02% dos recursos da carteira estão aplicados no Clássico e 20,77%, no Multicred. No dia 5, o portfólio somava patrimônio de R$ 18,494 milhões, dividido em dois investidores. Já o Dueto, com patrimônio de R$ 11,070 milhões, tinha apenas 1 cotista.
Fonte: Luciana Monteiro, Valor Economico