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Escândalo pesa sobre presidente do BC suíço

A culpa é da esposa. Foi como o presidente do Banco Nacional Suíço, o BC local, Philipp Hildebrand, procurou ontem se defender de acusações envolvendo transações de divisas que ele e sua mulher fizeram no ano passado, antes de o BC intervir no mercado para derrubar o valor do franco suíço. Hildebrand declarou que não vai se demitir do cargo, pois julga não ter feito nada de errado. No entanto, o partido de direita UDC mantém uma verdadeira guerra contra ele há meses e insiste na demissão.

O salário dele no BC é de € 820 mil por ano. Mas esse ex-campeão de natação de 48 anos é multimilionário desde os 35 anos, depois de ter trabalhado em um fundo de investimentos em Nova York. Tem residências em Zurique, Paris, Nova York e nos Alpes suíços. E é casado com uma antiga colega de trabalho, a ex-corretora de câmbio Kashya, americana de origem paquistanesa que após o casamento preferiu abrir uma galeria de arte. No BC suíço, ele defende forte regulação para os grandes bancos. E boa parte das intervenções para baixar o valor do franco causaram prejuízos de US$ 18 bilhões para o BC apenas em 2010. A última intervenção, em setembro, está sendo bem sucedida.

No fim de 2011, às vésperas do Natal, o líder do UDC, Christoph Blocher, da direita mais dura, procurou a presidente do país, a socialista Micheline Calmy Rey, com documentos que mostrariam que Hildebrand se beneficiara de informação privilegiada.

O governo abriu imediatamente investigação sobre a natureza das transações. Rapidamente disse ter constatado que as operações eram regulares. Hildebrand comprara em março US$ 1,1 milhão em dólares, usando dinheiro da venda de uma propriedade. Em outubro, vendera divisa americana no montante de US$ 516 mil para comprar outra residência

Em 15 de agosto, sua mulher Kahsya comprou US$ 504 mil, quando a moeda americana bateu recorde de baixa em relação ao franco. Em 6 de setembro, o BC suíço anunciou que não deixaria o euro cair abaixo de 1,20 franco, movimento que valorizou também o dólar. Com essa operação, o casal teria obtido um ganho de € 52 mil.

A fonte dos documentos é um profissional da área de informática do Banco Sarasin, onde o presidente do BC tem conta. Ele passou os dados para um advogado de direita, que contatou Blocher, completando o ciclo de quebra do sigilo bancário. Blocher é, no discurso, um dos mais ardorosos defensores do segredo bancário suíço. Um jornal de direita, ligado a Blocher, aumentou a pressão, insistindo que não fora a mulher, mas o próprio Hildebrand, quem havia “especulado” com a moeda. Acuado, o presidente do BC reagiu enfim ontem.

Ele disse que só teria sido advertido no dia seguinte, pelo gerente do banco, da transação feita por sua mulher. “Ela tem uma forte personalidade”, afirmou, para justificar porque ela não o prevenira sobre a operação Contou que ela, ex-corretora em hedge fund, começa o dia lendo jornal de economia. A própria Kahsya disse à TV suíça que comprara os dólares porque a moeda americana estava “ridiculamente barata” e que não discutira sobre câmbio com o marido naquele período “Se tenho uma queixa a fazer, a posteriori, é de não ter anulado a transação no dia 15 de agosto, quando soube dela”, afirmou. E anunciou que o BC terá regras reforçando a proibição do uso de informação confidencial para enriquecimento pessoal.

No mínimo, a reputação do presidente do BC suíço sai chamuscada e a questão agora é quando a confusão política vai terminar. O escândalo não teve, porém, influência no valor do franco, com o mercado ignorando a briga política nacional.

Fonte: Assis Moreira, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.