Notícias

Governo ganha com fim de banco ligado a escândalos

Com a liquidação do Banco Rural, o governo da presidente Dilma Rousseff livra-se de uma batata quente, talvez a última a ligá-lo com o esquema do mensalão. O Rural esteve envolvido em alguns dos principais escândalos políticos ocorridos no país nos últimos 20 anos, e sua ex-presidente, Kátia Rabelo, condenada a 16 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação no esquema.

O PT também se livrou dos dirigentes partidários igualmente condenados pelo STF: o ex-ministro José Dirceu e os deputados José Genoino (SP) e João Paulo Cunha (SP) foram excluídos da chapa do novo Diretório Nacional do partido, a ser eleito em novembro. Os três estavam dispostos a renunciar à nova indicação, mas o PT se antecipou e vazou a notícia para a imprensa. Depois, tentou contemporizar e, em vez de afastar, aceitou um pedido de “renúncia” dos três.

A rigor, não há uma relação direta entre os dois casos, a liquidação e o afastamento dos petistas, mas eles não deixam de favorecer o governo, no momento difícil em que a presidente Dilma Rousseff perde pontos nas pesquisas de opinião pública. Além disso, o Supremo retoma o julgamento do mensalão no próximo dia 14 e o governo poderia ser surpreendido com alguma notícia sobre a leniência com que estaria tratando o Rural, banco que definitivamente estava mal das pernas, não era de hoje.

Desde o início dos anos 1990 a instituição aparece relacionada com alguns dos principais escândalos políticos que acabaram em CPI do Congresso. O maior deles, em termos políticos, foi a CPI de PC Farias, que levou ao impeachment do ex-presidente e atual senador por Alagoas, Fernando Collor de Mello. Mas também foi investigado por operações fraudulentas pela CPI dos Precatórios, do Banestado e, por último, do mensalão.

O Rural também aparece no chamado “Mensalão Mineiro”, um suposto esquema de financiamento da campanha do senador e ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo. O processo atualmente está no Supremo Tribunal Federal. O “mensalão mineiro” também é chamado de “mensalão tucano”, por envolver um ex-presidente do PSDB (Eduardo Azeredo).

A CPI que investigou o ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor, em 1989, Paulo Cesar Farias concluiu que o Banco Rural foi peça-chave do esquema montado por PC, como era mais conhecido. A relação de Collor com o esquema foi estabelecida, aliás, por um cheque do banco usado para a compra do Fiat Elba do ex-presidente da República. A conta era movimentada por um dos “fantasmas” – contas em nomes de pessoas fictícias usadas para supostamente encobrir pagamentos de propina a empresas com contratos com o governo – de PC Farias.

No “esquema do mensalão” ficaram famosos os casos dos saques efetuados na agência de Brasília do Rural. Uma lista era enviada da sede do banco, em Belo Horizonte, para a agência localizada em um dos principais shoppings da capital da República. Os políticos beneficiados com o dinheiro, destinado à compra de votos dos deputados, sacavam pessoalmente ou por intermédio de terceiros. Todos afirmam que se tratava, na realidade, de caixa 2 do PT.

Além de Kátia Rabelo, a maior acionista do Rural, o Supremo condenou o vice-presidente Vinicius Samarane e o ex-vice-presidente José Roberto Salgado. Em quase meio século de existência, o banco articulou uma ampla rede de apoios políticos, em praticamente todos os partidos, uma teia de relações perigosas que certamente aceleraram o seu fim.

© 2000 – 2013. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A.

Leia mais em:

http://www.valor.com.br/financas/3221752/governo-ganha-com-fim-de-banco-ligado-escandalos#ixzz2b600Dzcr

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.