Instituição investe em controles internos

Com forte crescimento nos últimos anos, principalmente entre as pessoas físicas, a UM Investimentos está investindo no aperfeiçoamento de seus controles internos e no treinamento da força de vendas para reduzir as reclamações de clientes, afirma Rafael Giovani, gerente comercial e de relacionamento da corretora.

Na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), há 72 processos em andamento em que a UM Investimentos aparece como parte. Na grande maioria deles, a reclamação foi feita por “investidor/público em geral”. Entre 2008 e 2009, foram 31. Já no ano passado, dos 975 processos abertos pela autarquia, 37 deles foram contra a instituição. Neste ano, são quatro processos. Essas reclamações estão ainda em análise pela CVM e não quer dizer que se tornarão processos sancionadores, que vão a julgamento pelo colegiado.

Na área de controle, foi adotado, conta Giovani, um sistema que faz o cruzamento dos dados da operação realizada pelo cliente com o perfil dele. Ao abrir uma conta na corretora, o aplicador preenche um questionário a fim de saber qual o seu perfil de investimento. Se, por exemplo, o investidor que compra ações com objetivo de longo prazo resolve fazer um “day-trade” (compra e venda de um ativo no mesmo dia), o sistema da corretora acusa, afirma Giovani.

A equipe da corretora, em seguida, entra em contato com esse investidor para obter a confirmação de que ele tem ciência da operação realizada. “É também uma forma de a própria corretora estar segura.” Segundo o executivo, desde que o sistema foi implantado, em outubro do ano passado, o número de reclamações caiu 55%.

A capacitação da equipe de vendas também está ganhando atenção especial. A instituição quer dar mais treinamento, principalmente aos seus agentes autônomos e, para tal, criou um departamento somente para isso. Sob coordenação de Rafael Ribeiro, que atuou como auxiliar no pregão da bolsa, a intenção é padronizar o atendimento dado ao cliente pelos prestadores de serviço da corretora.

São aproximadamente 600 agentes profissionais. Mas se esse modelo deu à corretora a possibilidade de acessar vários centros, trouxe também alguns problemas. Com o projeto de treinamento dos gerentes, a corretora pretende padronizar o atendimento realizado pelo agente autônomo e evitar eventuais problemas operacionais. Ao fechar o acordo de prestação de serviço, os profissionais terão aulas durante dois meses sobre o funcionamento da corretora.

Para os investidores, a corretora criou a UM Educacional. A nova área terá três módulos de cursos, além de realizar cinco tipos de palestras. O interessado terá de fazer a inscrição pelo portal da corretora, mas será o agente autônomo o responsável por ministrar as aulas no escritório regional. Os cursos custarão na faixa de R$ 300,00 e as palestras serão gratuitas. A expectativa é ter de 1,2 mil a 3 mil investidores formados todo mês.

Para comandar a UM Educacional, juntou-se à equipe da corretora Antonio Montiel, vindo da Bloomberg, onde era responsável por treinamento na América Latina. A ideia é andar o Brasil inteiro dando treinamento aos agentes para que os cursos sejam ministrados no escritório regional, diz Giovani. O certificado, entretanto, só a corretora poderá emitir.

A Um quer também contar com fundos de investimento próprios em sua asset. Fernando Friedheim, que era diretor do segmento de clubes e fundos, deixou a empresa. Em seu lugar, assumiu o sócio Marcos Ourivio. A asset criou dois fundos de ações e está em fase de estruturação de um multimercado. Antes, só tinha carteiras administradas e clubes.

A UM Investimentos conta com uma plataforma de fundos de terceiros, além de outros tipos de aplicações, como debêntures, títulos públicos e CDBs de bancos de primeira e segunda linhas.

Para que a equipe de vendas ofereça também fundos, e não só bolsa aos clientes, os gerentes serão incentivados com maiores taxas de rebate – percentual da taxa de administração dos fundos indicados. “Queremos que o gerente não fique restrito a bolsa”, diz Giovani. “Se o cliente tem R$ 10 mil comigo e a bolsa cai, ele vai embora; mas se o investidor tiver também uma parte em renda fixa, ele não sai.”

Hoje, a empresa trabalha com modelos de corretagem variável e fixa. O primeiro é indicado para os clientes que querem flexibilidade operacional ou a assessoria do gerente na hora de fechar um negócio. Já o custo fixo, de R$ 14,00 por ordem, é voltado para quem não quer nem atendimento nem flexibilidade – quer ele mesmo escolher as ações e executar as ordens.

A UM Investimentos nasceu como o home broker da Umuarama. Inicialmente, foi chamada de E.UM e, com o tempo, passou a responder pela maior parte do faturamento. Foi quando houve a mudança de nome. Um dos principais sócios e diretor-executivo é Fernando Optiz, ex-presidente da Bolsa do Rio. Já Marcos Maluf e Marcos Ourivio são minoritários. Tornara-se sócios recentemente Giovani, além de Rodrigo Silveira e Thiago Audi.

Fonte: Luciana Monteiro, Valor Economico