Camargo Corrêa reconhece participação no cartel das empreiteiras
Ao assinar um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Camargo Corrêa reconheceu a participação no cartel das empreiteiras e entregou provas de fraudes em licitações da Petrobras que devem dificultar a situação dos demais envolvidos no processo.
Ao todo, há 23 empresas sob investigação. Entre elas, há grandes companhias do setor de construção, como Odebrecht e Andrade Gutierrez. As multas, ao fim do processo, podem chegar a R$ 13 bilhões. Esse valor foi calculado com base no faturamento das empresas envolvidas e os percentuais de multa aplicados pelo Cade, que vão de 0,1% a 20% do faturamento das companhias.
A Camargo Corrêa acrescentou mais uma empresa à lista das investigadas, a Serveng. Segundo o presidente do Cade, Vinícius Carvalho, a Serveng “não estava no polo passivo”. “Era um fato até então desconhecido”, admitiu.
Carvalho disse que a Camargo deu explicações sobre fraudes em licitações específicas de grandes obras. Os representantes das empresas indicaram “novos pacotes de obras que sabem terem sido objeto de conduta anticompetitiva”. A empresa também trouxe detalhes sobre pacotes em obras na refinaria Henrique Lage, em São José dos Campos (SP), Getúlio Vargas (PR) e nas licitações de Abreu e Lima (Rnest) e no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
A Camargo Corrêa indicou outras licitações que acredita ter sido objeto do cartel, permitindo o aprofundamento do Cade sobre os certames, e “indicou a lógica empresarial” nas fraudes em obras da Petrobras.
Além disso, a empresa trouxe informações sobre “a participação de destaque da UTC e da Odebrecht” no grupo restrito de seis empresas que comandavam o suposto cartel, também conhecido como G6 ou Clube VIP, acrescentou Carvalho.
O presidente do Cade ressaltou que as informações prestadas pela empresa vão servir de base para outros órgãos de investigação. “Aquilo que é assinado no âmbito do SBDC [Sistema Brasileira de Defesa da Concorrência, composto pelo Cade e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda] ajuda as outras esferas da investigação no âmbito civil e criminal”, disse.
Colaboração
A Camargo Corrêa afirmou que o acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) mostra que a empresa está colaborando com as investigações e que vai procurar sanar as irregularidades sob apuração no âmbito da Operação Lava Jato.
“Esse acordo é consequência da decisão da administração da empresa de colaborar com as investigações para identificar e sanar irregularidades, além de seguir aprimorando seus programas internos de controle e compliance”, disse a Camargo Corrêa, em nota.
“Por meio desse termo, a Construtora Camargo Corrêa reconhece sua participação nas condutas investigadas e se compromete a apresentar ao Cade documentos e informações para o esclarecimento dos fatos, além de aceitar o pagamento de contribuição pecuniária”, afirmou a empresa, referindo se ao pagamento de R$ 101 milhões ao órgão antitruste.
“Foram entregues às autoridades novos documentos e informações – e-mails, agendas e extratos de contas telefônicas, entre outros — identificados em auditorias internas conduzidas pela empresa com o auxílio de consultores e especialistas forenses independentes”, disse a Camargo Corrêa.
“A Construtora Camargo Corrêa reitera sua disposição para assumir responsabilidades com a adoção das medidas necessárias para corrigir desvios e colaborar na construção de um ambiente de negócios éticos, justos e sustentáveis”, afirmou por meio da nota.
Fonte: Valor Economico