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Governança: Ativismo direcionado ganha mais espaço nas companhias

Os acionistas brasileiros estão começando a se tornar ativistas, a exemplo de atuação já consolidada no exterior. Descobriram a importância e o alcance do seu papel como agentes de governança empresarial, em vez de ficar à mercê dos conselhos de administração e de órgãos reguladores. Por isso, as empresas brasileiras devem começar a sentir com maior força o impacto da pressão exercida por esses acionistas. Mas isso não é necessariamente ruim, explica o especialista internacional John Wilcox, presidente da Sodali, consultoria europeia.

Ele acredita que a qualidade do ativismo no ano que vem será superior e as companhias poderão prever suas vulnerabilidades.

O especialista disse que o ativismo direcionado e específico para cada companhia está aumentando, enquanto a atuação genérica sobre governança segue perdendo espaço.

Wilcox avalia que, há poucos anos, o foco dos ativistas limitava-se à busca de direitos dos minoritários, políticas de governança e transparência. Agora, o leque de ambições está sendo ampliado e os ativistas passam a querer discutir as estratégias das companhias, a implementação de políticas por parte do conselho de administração, no modelo conhecido como “faça ou explique”, em que as empresas devem seguir as melhores práticas de governança ou dar uma explicação convincente ao mercado motivo por que elas foram deixadas de lado.

O porte dos acionistas, segundo Wilcox, interfere na sua maneira de atuar ante as companhias. Usualmente, os pequenos acionistas ativistas são menos propensos a lidar com as questões fundamentais do negócio da empresa em que investem.

“Eles são mais preocupados individualmente com questões que os afetem diretamente. As maiores instituições vão cada vez mais estar sob pressão para exercitar o direito de seus acionistas com diligência”, disse.

Por outro lado, o que pode ser considerado como ativismo institucional, realizado por grandes fundos de pensão, acaba tendo um peso maior, mais estratégico, porque estes pedem às companhias ações de governança para o longo prazo e cobram das empresas que sejam colocadas em prática. E apesar de representarem uma fonte de pressão mais forte do que os minoritários, eles não deveriam chegar a fazer parte do conselho da empresa, na opinião de Wilcox.

Wilcox trabalha no escritório da consultoria em Nova York e esteve no Brasil recentemente para uma rodada de trabalhos sobre ativismo de acionistas, quando conversou com o Valor. “Acredito que as grandes instituições no Brasil estão prestando cada vez mais atenção ao comportamento das empresas em suas carteiras. Eles não querem se tornar ‘insiders’ na companhia. Usualmente, acionistas não querem atuar no lugar dos gestores da companhia, eles querem que os executivos e os conselheiros façam um bom trabalho. Os grandes fundos são investidores, não querem comandar o negócio.”

O especialista lembrou que um fundo de pensão até pode querer ter candidatos ao conselho se sentir que a companhia está sendo mal gerida. “Mas eles não são especialistas em gerir negócios, é algo bem diferente ter ideias para a companhia de comandá-la.”

O presidente da Sodalis defende que as companhias estabeleçam um bom canal de comunicação com seus acionistas, não somente para aproveitar eventuais contribuições para o próprio negócio, mas também para evitar que o acionista busque outros canais para se fazer ouvir. Ele considerou que o próprio ativista não deveria, por exemplo, procurar a imprensa como primeira opção para tratar de assuntos relativos à gestão do negócio.

“As empresas deveriam gerenciar seus acionistas assim como fazem com seus clientes. Eles não são mais difíceis ou desleais”, disse. Seria preciso realizar rodadas de encontros que não se restrinjam à divulgação de resultados trimestrais, além de traçar um perfil de quem são os acionistas com direito de voto. Nesses encontros, além de possibilitar ao acionistas acompanhar os relatórios de análise feitos por investidores institucionais, a companhia conseguiria garantir que o caminho oposto também seja feito, dando voz à administração da empresa para mostrar com transparência e visibilidade as medidas não financeiras da companhia.

Fonte: Juliana Ennes, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.