Fundo Garantidor pode ‘furar a fila’ de credores do Cruzeiro do Sul e receber R$ 25 mi
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) está tentando cobrar uma dívida de R$ 25 milhões dos ex-controladores do banco Cruzeiro do Sul, instituição liquidada pelo Banco Central em setembro.
A dívida foi contraída há cerca de dois anos pela Cruzeiro do Sul Holding Financeira, empresa controladora do banco que tinha como donos Luis Octavio e Luis Felipe Indio da Costa.
O empréstimo venceu recentemente, não foi pago, e uma das saídas avaliadas pelo FGC é pedir à Justiça o desbloqueio de alguns bens pessoais dos ex-controladores dados em garantia (um apartamento em Miami, nos EUA, uma embarcação e outros bens de menor valor).
A Folha apurou que essa movimentação do FGC já provocou controvérsias no Ministério Público Federal e na Justiça. Como os bens do banco e de seus ex-controladores estão bloqueados, a saída seria a liberação desses ativos.
Para eles, essa situação permitiria que o FGC “furasse a fila” dos credores que ainda aguardam pagamento de seus créditos pela liquidação do banco.
O FGC ainda não entrou com o pedido de desbloqueio dos bens dos ex-controladores do Cruzeiro do Sul e continua tentando notificá-los.
Ainda segundo apurou a reportagem, para o FGC, os ex-banqueiros têm uma dívida (na pessoa física) e, por isso, a cobrança não “fura fila” dos pagamentos dos credores do banco, cujos ativos e créditos empenhados seguem o cronograma já definido.
ANTECEDENTES
O empréstimo de R$ 25 milhões aos ex-banqueiros foi concedido para a aquisição de créditos do próprio Cruzeiro do Sul que circulavam no mercado.
A operação ajudaria a resolver parte dos problemas financeiros que afetavam a instituição. Naquele momento, ainda não se sabia da existência de um rombo de R$ 1,3 bilhão que levou à intervenção do Banco Central.
Quando isso ocorreu, os banqueiros Luiz Felipe e Luís Octávio Índio da Costa foram afastados do comando e o FGC tornou-se administrador do Cruzeiro do Sul.
A tentativa de venda foi frustrada e o banco liquidado com um rombo contábil de R$ 3,1 bilhões.
Como a controladora, a Cruzeiro do Sul Holding Financeira, não tinha patrimônio (somente ações do banco), o FGC busca uma forma de executar as garantias.
Não há dúvida de que o FGC conseguirá furar a fila e ser ressarcido em primeiro lugar. Afinal, o FGC tem a força da grana, que tudo consegue neste país.