FGC assume novo papel e passa a prevenir crises
O Fundo Garantidor de Créditos assumiu papel de protagonista no sistema financeiro nacional atuando para prevenir crises bancárias. O FGC começou comprando carteiras de crédito para dar liquidez a bancos com necessidade e, mais recentemente, passou também a financiar a aquisição de bancos com déficits patrimoniais por outras instituições. Foi assim com o PanAmericano, Banco Schahin e Matone, entre outros casos menores que não se tornaram públicos. “A interação entre o FGC e o Banco Central é de maneira informal, mas instantânea. Quando precisam, nos ligam, informam, nos dão andamento”, disse em entrevista ao Valor Antonio Carlos Bueno, diretor-executivo do FGC desde 1996.
Essa atuação fez com que o fundo, hoje, carregue R$ 11,5 bilhões em papéis de risco privado e já rendeu prejuízo de R$ 3,35 bilhões na operação de resgate do PanAmericano.
Bueno conta que, hoje, quando o BC identifica deficiência de capital em uma instituição, recomenda que o banqueiro procure o FGC para tentar uma solução. Da mesma forma, quando investidores locais ou estrangeiros procuram o BC para solicitar uma licença de banco, são encaminhados ao FGC, que tem arranjado aquisições. Segundo Bueno, o BC considera que é melhor que ocorra a aquisição de um banco que quer – ou precisa – sair do sistema do que autorizar a abertura de uma nova instituição.
Diante do peso que ganhou o FGC, está em discussão a necessidade de uma estrutura mais formal de governança. O que se ouve de banqueiros é que os grandes ficaram contrariados por serem levados a aprovar o salvamento do PanAmericano. Já instituições pequenas e médias se queixam da falta de clareza nas operações de apoio a alguns bancos. Bueno não comenta o assunto. Murilo Portugal, presidente da Febraban, foi sondado para assumir a presidência do conselho e poderia até acumular as duas funções. Nenhuma decisão foi tomada ainda.
Fonte: Vanessa Adachi e Carolina Mandl, Valor Economico