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Fed admite falha na fiscalização do J.P. Morgan Chase

Um relatório divulgado ontem afirma que o Federal Reserve Bank de Nova York relaxou em sua supervisão do escritório do J.P. Morgan Chase que sofreu perdas de US$ 6,2 bilhões com negócios com títulos atribuídos ao operador que ganhou o apelido de London Whale (Baleia de Londres).

O relatório do Gabinete do Inspetor-Geral do conselho do Fed diz que o Fed de Nova York detectou riscos no principal escritório de investimentos do J.P. Morgan e planejava fazer uma investigação em 2008, 2009 e 2010, mas conduziu mal a execução dessas avaliações e da coordenação interagência. Ele chama a falha de “oportunidade perdida”.

O Fed de Nova York “não conduziu as investigações planejadas ou recomendadas porque o Fed reavaliou a prioridade das atividades inicialmente previstas em relação ao principal escritório de investimentos, em razão de muitas demandas de supervisão”, afirma o relatório divulgado em Washington, sem ser mais específico em relação a essas demandas.

As constatações poderão reacender uma discussão sobre a capacidade das autoridades reguladoras compreenderem a complexidade e riscos envolvidos nos grandes bancos. O presidente do Fed de Nova York William C. Dudley alertou os banqueiros, esta semana, para a necessidade de eles acabarem com uma cultura corporativa que encoraja delitos, sob o risco de suas instituições serem desmembradas.

“O relatório é perturbador por revelar que o Fed, a autoridade reguladora mais poderosa da nação, falhou no acompanhamento de riscos identificados, que posteriormente custaram US$ 6 bilhões ao J.P. Morgan e seus acionistas”, disse Mark Williams, ex-examinador bancário do Fed que hoje é professor-assistente da Faculdade de Administração da Universidade de Boston. “A identificação de riscos sem o acompanhamento é a mesma coisa que um bombeiro ver um incêndio mas não fazer nada para apagá-lo.” Na segunda-feira, Dudley disse a líderes do setor que se o mau comportamento persistir, “a conclusão inevitável será a de que suas instituições são grandes demais e complexas demais para serem administradas de maneira eficiente”.

“Nesse caso, as preocupações com a estabilidade financeira iriam ditar a necessidade de um encolhimento dramático de suas instituições e uma simplificação, para que elas possam ser administradas de maneira eficiente”, disse ele.

As autoridades reguladoras estão “questionando se bancos diversificados com um grande staff de transações podem ter algo em comum com um depositário segurado”, diz Karen Shaw Petrou, sócia-gerente da Federal Financial Analytics, uma firma de pesquisas de Washington. Dudley sucedeu Timothy F. Geithner como presidente do Fed de Nova York em janeiro de 2009. Geithner atuou no cargo desde novembro de 2003 e foi nomeado secretário do Tesouro em 2009.

O relatório do Gabinete do Inspetor-Geral do Fed diz que houve “uma falta de recursos de supervisão”, enquanto que “havia deficiências nos controles em torno do processo de planejamento financeiro”. O Fed de Nova York também falhou na coordenação com a Controladoria da Moeda dos Estados Unidos, que regulava a unidade bancária do J.P. Morgan.

Uma reorganização da equipe supervisora do Fed em 2011 também resultou em “perda significativa de conhecimento institucional em relação” ao principal escritório de investimentos do J.P. Morgan, diz o relatório.

O J.P. Morgan, que é a maior holding financeira dos EUA, com ativos totais avaliados em US$ 2,5 trilhões, perdeu pelo menos US$ 6,2 bilhões em 2012 em uma grande aposta em derivativos de crédito sintéticos. Dois ex-operadores estão sendo acusados de crime, um subcomitê do Senado americano redigiu um relatório pungente e o banco admitiu ter violado leis do mercado de valores mobiliários, concordando em pagar multas de mais de US$ 1 bilhão. O porta-voz do J.P. Morgan Joe Evangelisti não quis comentar o relatório ontem.

Em uma resposta incluída no relatório do inspetor-geral, o Fed de Nova York disse que as recomendações ajudarão a melhorar a supervisão e que o foco do banco central é estimular “processos de capital inovadores e garantir que as instituições supervisionadas mantenham capital suficiente para suportar condições econômicas muito difíceis”.

O Gabinete do Inspetor-Geral do Fed disse que imprimiu um resumo de quatro páginas de suas constatações porque a íntegra do relatório contém constatações “confidenciais” da supervisão bancária do Fed.

Em comparação, o subcomitê permanente de investigações do Senado divulgou um relatório de 300 páginas sobre as perdas sofridas em 15 de março de 213, afirmando que os negócios representaram “um caso assustador e instrutivo sobre como os derivativos sintéticos se tornaram uma fonte multibilionária de riscos dentro do sistema bancário dos Estados Unidos”.

O relatório do Senado também disse que “a supervisão reguladora inadequada poderia ser facilmente evitada”. O Gabinete do Inspetor-Geral fez dez recomendações às autoridades do Fed, como emitir “diretrizes que reforcem a importância da colaboração efetiva”.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.