Telefonia e crise: Após pedido de recuperação, ações da Oi despencam 20%
A negociação com ações e derivativos da Oi, quarta maior operadora de telefonia do País, ficou suspensa até as 11h desta terça-feira, devido ao pedido de recuperação judicial da empresa. Após a liberação, os papéis abriram com perdas de 15,08% (ON) e de 30,30% (PN) e voltaram a entrar em leilão. Por volta das 14h, as ações ordinárias recuavam 19,84% e as preferenciais, 20,20%.
A operadora tentou, nesses últimos meses, renegociar uma dívida financeira de cerca de R$ 50 bilhões, sem sucesso. No processo protocolado nesta segunda-feira, na Justiça do Rio, a empresa declara débitos totais de R$ 65,4 bilhões. A diferença refere-se a contingenciamentos (disputas judiciais), de cerca de R$ 13 bilhões, e dívidas com fornecedores.
Esse é o maior processo de recuperação judicial de uma empresa no País e o maior de uma companhia privada na América Latina. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai acompanhar o processo.
Às 14h10, o Ibovespa reduzia as perdas e recuava 0,30%, aos 50.177 pontos. Além da pressão da Oi, Itaú Unibanco PN perdia 1,29% e Bradesco PN recuava 0,53%. Já a Petrobráas (ON -0,26% e PN +0,22%) oscilava devido ao recuo dos preços do petróleo no mercado internacional.
Dólar. Após abrir em queda firme, o dólar virou para o território positivo durante a tarde. A moeda norte-americana também ganhou força ante outras moedas emergentes e de países exportadores de commodities e, por volta das 14 horas, tinha leve alta de 0,15%, a R$ 3,4044.
O mercado monitora a fala da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, no Senado dos Estados Unidos. Além disso, o petróleo acentuou suas perdas, colaborando para diminuiu o apetite por risco que dominava os mercados globais mais cedo.
Yellen disse no Senado que o crescimento menor nos EUA nos últimos anos pode ser o novo normal e não deu indícios de que os juros podem voltar a subir no curto prazo. “Persistem consideráveis incertezas sobre as projeções para a economia”, comentou. “Não podemos descartar a possibilidade expressada por alguns economistas proeminentes de que o lento crescimento da produtividade visto nos últimos anos vai continuar no futuro”, acrescentou. Yellen também afirmou que o “Brexit” poderia aumentar a procura por segurança e empurrar o dólar para cima.
Já no cenário interno, a moeda é influenciada por desdobramentos da crise política. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Marcelo Odebrecht deve admitir que controlava pessoalmente repasses para as campanhas presidenciais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014 e, inclusive, se encontrou com ela poucas semanas antes de ser preso. Isso praticamente anularia as chances de o impeachment não passar no Senado, o que anima os investidores.