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FBI investiga contas no Bank of America ligadas ao tráfico

Um cartel mexicano de tráfico de cocaína usou contas no Bank of America Corp. para esconder dinheiro e investir os lucros do comércio de drogas ilegais em cavalos de corrida nos Estados Unidos, disse a Polícia Federal americana, o FBI.

 As supostas ligações entre a violenta quadrilha de traficantes conhecida como Los Zetas e o segundo maior banco dos EUA em ativos foram descritas em um depoimento de 35 páginas apresentado a um tribunal federal do Texas no mês passado. Segundo um agente do FBI, uma firma de compra e treinamento de cavalos, criada para lavar dinheiro do narcotráfico, tinha contas no banco sediado em Charlotte, no Estado de Carolina do Norte.

Um cidadão americano que é irmão de um dos principais líderes dos Zetas e, supostamente, serviu como fachada na firma equestre do cartel de drogas, fez depósitos e retiradas de uma dessas contas do Bank of America, informava o FBI no relatório judicial.

O depoimento do agente do FBI, prestado sob juramento, descreve cerca de dez operações realizadas desde dezembro de 2009, em que quantias superiores US $ 1,5 milhão foram depositadas ou retiradas de duas contas no banco.

 Durante cerca de dois anos, segundo o agente do FBI, os Zetas supostamente canalizaram cerca de US$ 1 milhão por mês para a compra de cavalos quarto de milha, especializados em distâncias curtas.

 Em setembro de 2010, um dos cavalos que supostamente pertencia ao cartel, um azarão chamado Mr. Piloto, ganhou um prêmio de US$ 1 milhão ao chegar em primeiro lugar na maior corrida do esporte, a All American Futurity, em Ruidoso Downs, no Estado de Novo México. Após a vitória, um cheque do hipódromo de US$ 899.549,70 foi depositado em uma conta do Bank of America da Tremor Enterprises LLC, a suposta firma do cartel de drogas dedicada ao negócio de cavalos de corrida, segundo o FBI.

 A Tremor havia comprado Mr. Piloto com um cheque de US$ 100.000 da mesma conta do Bank of America, informou o FBI, citando registros bancários investigados.

 O Bank of America não foi acusado de qualquer irregularidade e está cooperando com as autoridades, segundo pessoas a par do assunto.

Um porta-voz do Bank of America disse: “Temos sólidos processos e procedimentos contra a lavagem de dinheiro, que cumprem os requisitos regulatórios e legais. Quando ficamos sabendo de atividades suspeitas realizadas através de contas de clientes, tomamos medidas imediatas, que comunicamos às autoridades competentes”.

 Os bancos americanos são obrigados, sob a Lei do Sigilo Bancário, a informar as autoridades federais sobre qualquer atividade suspeita ou transações de mais de US$ 10.000 em dinheiro. Os bancos também devem ter sistemas sofisticados para detectar atividades criminais dentro de suas redes. O não cumprimento pode levar a sanções ou processos legais.

 O depoimento juramentado não indica onde ou como as duas contas do Bank of America foram abertas. A Tremor tem sede em Balch Springs, no Texas, e supostamente era chefiada por José Treviño Morales. Na semana passada, ele se declarou inocente, em um tribunal de Austin, no Texas, de uma acusação federal de lavagem de dinheiro. Um juiz ordenou sua detenção, considerando que ele apresenta risco de fuga.

 O advogado David Finn, que representa Morales, disse que não sabe por que seu cliente abriu contas no Bank of America, porque ainda não conseguiu fazer sua própria investigação. Morales é um “homem de família”, sem antecedentes criminais, acrescentou Finn. “Este caso se refere mais aos irmãos do meu cliente do que a ele próprio.”

 Em acusações criminais feitas no mês passado contra 14 pessoas ligadas à suposta conspiração para lavagem de dinheiro, Miguel Ángel Treviño Morales e Óscar Omar Treviño Morales foram acusados de canalizar dinheiro do tráfico de drogas para a compra de cavalos de corrida nos EUA, a fim de ocultar a origem do dinheiro. Os dois irmãos supostamente são do alto comando dos Zetas. Eles continuam foragidos no México.

 O cartel dos Zetas envia milhares de quilos de cocaína para os EUA todos os anos, segundo o FBI. Também tem a reputação de ser implacável. No início deste ano, as autoridades disseram que o grupo jogou 49 corpos, sem cabeça e sem mãos, em sacos de lixo ao longo de estradas no México.

 Em 2009, o presidente Barack Obama definiu os Zetas como traficantes de drogas, sob a lei para designação de chefes do narcotráfico estrangeiro (Foreign Narcotics Kingpin Designation Act), que congela quaisquer bens de propriedade ligadas aos traficantes nos Estados Unidos e proíbe os cidadãos americanos de realizar qualquer transação com o grupo. O Gabinete de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro dos EUA classificou Miguel Ángel Treviño e Oscar Omar Treviño Morales como traficantes de drogas em 2009 e 2010, proibindo os cidadãos americanos de fazer qualquer tipo de negócio com eles.

 Segundo o FBI, os Zetas se voltaram para a indústria de cavalos de corrida nos EUA em 2009 como estratégia para lavagem de dinheiro. Muitas pessoas davam lances pelos cavalos como fachada para o cartel, e a propriedade dos animais era transferida então para José Treviño Morales, muitas vezes “sem custo ou a um preço de compra mínimo”, disse o agente do FBI. A manobra permitia a Morales mostrar “grandes lucros aparentemente legítimos”.

  Finn, o advogado que representa Morales, não quis comentar sobre transações específicas.

“Se seu objetivo é lavar dinheiro sujo, há maneiras muito mais fáceis de fazer isso do que se envolver na indústria de cavalos quarto de milha”, disse ele.

Fonte: DAN FITZPATRICK, WSJ, Valor

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.