Decepção na gestão de compliance em 2014
Após vários escândalos, exemplos de como não fazer uma gestão de negócios, nova legislação em vigor, avanço da tecnologia, mudanças nas agências reguladoras, aprimoramento dos órgãos reguladores, mas mesmo assim milhões transitaram pela lavagem de dinheiro, corrupção, evasão de divisas, entre outros.
Portanto o ano de 2014 está encerrando e muita coisa temos que mudar para os próximos anos e para os anos seguintes, sobre a gestão de compliance e controles internos nas empresas, foram inúmeros casos de falhas na governança corporativa seja para empresas de capital aberto e até para as empresas de capital fechado.
Basta lembrar das empresas do Eike Batista, Petrobras (Petrolão), Operação Lava Jato, Doleiro Alberto Youssef (reincidente no crime), Corval, Distri-Cash, TOV Corretora, diversas empreiteiras, agentes públicos, partidos políticos, entre outros.
Com tantos escândalos de fraudes, corrupção e falta de conduta e ética, fica complicado falar sobre Compliance, Controles Internos e Gestão de Riscos, pois o processo funciona quando a Alta Administração, gestores e colaboradores, clientes, fornecedores e governo trabalham em conjunto.
Outro item de importância foi a declaração do presidente do CGU – Controladoria Geral da União, que simplesmente evidenciou aquilo que já sabíamos, a falta total de controles internos nas estatais, mas será que as empresas privadas não passam pelo mesmo problema?
A busca pelo resultado deixando de lado os processos, ética e conduta, vão levar muitas empresas a quebrarem e manchar o nome de inúmeros profissionais no mercado.
Tenho participado de alguns congressos e seminários nos últimos meses, e vejo muita gente falando que seus processos e programas de compliance funcionam, mas a cada escândalo isto tudo vai para o ralo, até quando teremos que conviver com isso. Não basta ser um Oficial de Conformidade (Compliance Officer) e implementar uma enormidade de normas e procedimentos, se na hora “h” as pessoas não seguem, portanto precisamos unir as forças com controles internos, gestão de riscos e auditorias para que possamos exigir uma postura diferente de todos os responsáveis pelas empresas.
Não sou pessimista, pelo contrário acredito que possa ser realizado, mas devemos mudar muita coisa na gestão das empresas, no governo e em nossos modelos de administração pública e privada, não basta ter leis, precisamos punir para que sejamos realmente um país emergente, e que nossas empresas sejam respeitadas e recebam investimentos com a certeza que receberão seus dividendos e participações, pois a credibilidade é tudo no mundo corporativo.
Devemos aproveitar o momento para realizarmos as verdadeiras mudanças, utilizar o que temos de legislação e aplicar as punições, seria um momento especial, um divisor de águas, quem sabe um marco regulatório, fazendo com quem é culpado seja punido e utilizado como exemplo para todos os outros, não é uma questão de partido político, mas sabemos que o dinheiro corrompe e muda a cabeça das pessoas, somente assim poderemos exercer uma gestão de compliance mais efetiva.
* Marcos Assi é professor e consultor da MASSI Consultoria – Prêmio Anita Garibaldi 2014, Prêmio Quality 2014, Prêmio Top of Business 2014 e Comendador Acadêmico com a Cruz do Mérito Acadêmico da Câmara Brasileira de Cultura, professor de MBA na FIA, Saint Paul Escola de Negócios, UBS, Centro Paula Souza, USCS, Trevisan Escola de Negócios, entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional”, “Gestão de Riscos com Controles Internos” e “Gestão de Compliance e seus desafios” pela Saint Paul Editora. www.massiconsultoria.com.br
Prezado Marcos.
Usando palavras simples, sábias e diretas, definistes o cenário de imagem caótica que o país chegou…triste legado…
Mas não concordo com o título da matéria excelentemente bem focada “Decepção na gestão de compliance em 2014”.
Veja, somente neste mês, ocorreram 2 fatos extremamente graves, que merecem reflexão, que foram :
– O pedido de demissão do cargo do Ministro da CGU, em função de falta de apoio, autonomia e certamente pressionado pelos “poderes ocultos” para se afastar da pista (deixar o caminho livre)…
– O executivo, utiliza dinheiro público, para pressionar os partidos de apoio do governo a aprovarem as mudanças nas regras e metas de despesas financeiras…
Uma pergunta que é recorrente no mercado “Porque a lei Anticorrupção 12.846/13, até a data de hoje, não foi regulamentada pelo Governo Federal, que deveria ser o maior interessado neste tema…
Portanto, não adianta uma Organização, seja pública ou privada, colocar na mídia um belo discurso institucional, tentando mostrar através de mapas gerenciais e estatísticos (devidamente manipulados – tendenciosos) para passar um cenário de estabilidade da sua Governança Corporativa, para os seus acionistas, investidores, colaboradores….
Amigo, parece que desta vez, perdemos o rumo, a imagem, a marca, a identidade, a missão, o valor, pois sabemos que os escândalos atuais são apenas a ponta de iceberg. Iniciamos a travessia de uma longa tempestade sem volta, sem correção, sem ética, sem moral, sem escape, que vai deixar um desastrado legado para as próximas gerações.
Na relação comercial público-privada não há inocentes…Há conivência criminosa dos 2 lados (está no DNA !!!)… A situação é recorrente…Quase antropológica…