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Cuidado com as certificações profissionais oferecidas

Estou percebendo que algumas pessoas estão deixando de lado a importância da gestão de compliance, e buscam comercialização do produto de certificações na área de compliance e começam a surgir e a e demora a ganhar reconhecimento, ao contrário do que se imagina, o risco da desvalorização do trabalho realizado pelos profissionais de compliance é iminente e inerente ao processo de venda a qualquer custo de certificação, que na verdade é uma capacitação, pois estão banalizando tanto a atividade, e vale a pena salientar que até mesmo algumas consultorias, até então desconhecidas e com profissionais iniciantes no assunto, oferecem trabalhos que não possuem embasamento e não se sustentam ao longo do tempo, por falta de base de conhecimento em muitos itens, e olha que há algum tempo venho dizendo para ser um “Compliance Officer” não basta conhecer de PLD e Corrupção temos vários itens importantes e controles internos é essencial para uma gestão de riscos integradas.

Algumas empresas oferecem certificação de compliance e anticorrupção/antissuborno, mas na realidade não passa de um curso de especialização, e você tem que buscar se especializar com quem realmente entende do assunto e vai agregar com exemplos reais, conhecimento práticos, conceitos aplicáveis e metodologias que foram testadas e implementadas.

Sem contar algumas pessoas que não conseguem superar o nosso trabalho e ficam tentando difamar as pessoas, para que possam oferecer seus treinamentos e seus serviços, mas quem conhece bem os profissionais que não são “modinha” e já estão há alguns anos na lida de mapeamento de processos, controles internos e compliance, com inúmeros treinamentos, artigos, alunos, clientes e universidades em seu currículo, não se desespera pela falta de ética e posturas destas pessoas.

Vivemos em um país onde a lei do menor esforço e oportunismos estão prevalecendo, não é um processo de certificação totalmente embasado em políticas na missão de minimizar os riscos de corrupção, que vai mudar isso. Alguns cursos são criados sem se preocupar com a credibilidade e aplicabilidade da gestão de compliance, na verdade levantam uma grande cortina de fumaça onde as pessoas não conseguem ver o que realmente estão oferecendo.

Acredito que este formato superficial levará estes profissionais que acreditam e querem adentrar ao mundo do compliance, pois é a palavra e profissão do momento, pelo menos no Brasil, tendo em vista os escândalos, mas alguém poderia me explicar as fraudes do Banco Panamericano e do JBS, duas empresas com Governança, auditorias e conselheiros de administração e fiscal, e tudo isso aconteceu? Não importa ter uma área de compliance com profissionais certificados, a nossa independência vai até a página 7 (sete), pois recebemos salários da organização e quando a alta administração quer fazer, não tem que segure.

As nossas empresas estão muito atrasadas no desenvolvimento e no amadurecimento das práticas de controles internos e compliance, agora para que o Brasil possa alçar grandes voos no cenário internacional, temos que iniciar um processo de recuperação da credibilidade, para que possamos ser competitivos novamente.

Agora com estes processos de certificação massificados, e alguns de baixa credibilidade com custos absurdos, e sem contar que as empresas não solicitam profissionais certificados, estão solicitando profissionais que entendam o que estão fazendo, que possam realmente agregar valor ao negócio e consigam explicar para todos na organização o que estar em compliance, vai ser complicado.

Portanto os trabalhos sérios, que são conduzidos por profissionais de compliance de alta capacitação, seriedade e experiência, serão igualados a outros não tão bem desenvolvidos e eficazes, mas tem certificação, não sabe gerir uma crise de compliance, mas é um “Compliance Officer”. Estamos proporcionando um nivelamento por baixo, que geralmente pouco agrega valor para as empresas e para o mercado. Estamos comprando um selo que visa simplesmente a alimentação de grandes cadastros corporativos, mas que pouco serão capazes de garantir uma mudança no atual cenário do mercado e das práticas corporativas fora do padrão que foram enraizadas em muitas das nossas principais organizações.

Acredito que as certificações tem como um proposito dar credibilidade, mas na área de compliance são perigosos, até mesmo porque a gestão de compliance é um caminho sem volta, as a certificação deve ter um organização que tenha credibilidade para oferecer e acreditar possíveis instrutores e empresas a capacitar de forma digna e com realidade qualquer profissional que queira demonstrar o seu valor, mas lembrem-se não é um título ou certificado que determina o profissional, são suas conquistas e trabalhos implementados que lhe darão credibilidade.

Já vi trabalhos de muitos diretores de compliance de grandes empresas,  que foram desprezados por falta de consistência e aplicabilidade, muita gente tem buscado notoriedade por meio de colocar um selo de pouco valor real para as organizações (até a pessoa que faz a certificação fica questionando o valor) e por um  monte de falácias sem referências praticas, portanto não vejo ninguém melhor do que estes profissionais, que conhecem profundamente as melhores práticas, leis e diretrizes de uma gestão de compliance efetiva, sem fórmulas mirabolantes e processos que dificilmente serão seguidos por alguém, devemos avaliar e se possível frear estas iniciativas, no mínimo, oportunistas que aproveitam de pessoas que anseiam pela especialização em compliance, se deixam levar por algumas promessas vazias. Lembre-se que a valorização do seu conhecimento e do seu trabalho é que está sendo questionada.

Temos algumas dicas sobre os processos de certificação, até mesmos sobre quantos certificados já foram emitidos pela tal certificadora e quais empresas os receberam, e se possível for compare esses dados com a realidade brasileira e avalie. Certificar um profissional é importante, mas não significa que a empresa por possuir um profissional certificado está protegida de falhas. E quando falam em empresas certificadas, avalie quanto tempo levou para isso e que auditou o processo e sem tem credibilidade.

Tenho realizado inúmeras palestras e treinamentos sobre a disseminação da cultura da compliance e tenho meus resultados de como avaliei a organização, mas como podemos fazer a análise crítica por parte da certificadora quanto à análise de riscos de compliance da organização certificada?

Quando puder examine qual metodologia o organismo certificador adotou para avaliar os objetivos e metas do sistema de gestão de compliance da empresa certificada e compare a proporcionalidade frente aos riscos de corrupção inerentes às características da empresa e do negócio, você vai se assustar com o resultado.

Acho que o Compliance Officer pode estar capacitado para analisar essas informações e questionar aspectos que considere relevantes a cada certificação oferecida, desde que conheça realmente o negócio no que tange as fragilidades, vulnerabilidades e seus processos dependentes de pessoas.

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.