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Cruzeiro do Sul, mais uma crise operacional para o FGC

Na semana passada as noticias de varias mídias, apresentavam a possível aquisição do Banco Cruzeiro do Sul pelo BTG Pactual, mas o conselho de administração do FGC, não aprovou o negócio.

Entretanto ontem o blog do Guilherme Barros anunciava a intervenção branca, onde a gestão passa a ser administrada pelo Banco Central, que já nomeou um interventor e com a decretação do Regime de Administração Especial Temporária (Raet), pelo prazo de 180 dias, ficam indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição.

Mas o que mais me impressiona é que mais uma vez estamos também falando sobre rombo contábil proveniente da tal de “Contabilidade Criativa”, e possibilidades de fraudes.

As noticias comentam sobre os pareceres com ressalvas da auditoria externa, e na matéria vinculada no Valor Econômico de hoje, dia 04 de junho de 2012, comenta que:

Não é de hoje que o banco Cruzeiro do Sul atravessa problemas. Com quase 20 anos nas mãos da família Indio da Costa, a instituição coleciona um histórico recente marcado por balanços reprovados por auditores, acusação de desvio de recursos e investigações por parte das autoridades”.

Bom cabe um questionamento até quando? E importante salientar que assim como o banco Panamericano, o Cruzeiro do Sul também tem ações negociadas na bolsa, e como ficamos com a tal da Governança Corporativa com os princípios de transparência, prestação de contas, responsabilidade e equidade? Sem contar com o Compliance, Controles Internos, Gestão de Riscos, Conduta e ética, Controladoria, Auditoria, entre outros, neste momento todos são cobrados, mesmo que cada um tenha feito a sua parte, mas…

Portanto, outra vez a imagem de bancos de pequeno e médio porte, os gestores, os profissionais de contabilidade, os auditores, os órgãos reguladores serão questionados sobre as possíveis falhas nos processos, a negligencia de controles e ética, falhas na supervisão e monitoramento das instituições financeiras.

Devemos repensar o modelo de gestão e de supervisão, de como poderemos aprimorar e proporcionar maior confiança ao mercado, se de tempos em tempos estes escândalos surgem, colocando em duvida o trabalho de muitos, por deficiências de conduta de poucos.

* Marcos Assi é professor do MBA Gestão de Riscos e Compliance da Trevisan Escola de Negócios, da Saint Paul Escola de Negócios e da FIA (Labfin), autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional – como consolidar a confiança na gestão dos negócios” e “Gestão de Riscos com Controles Internos – Ferramentas, certificações e métodos para garantir a eficiência dos negócios” pela (Saint Paul Editora) e consultor de finanças do programa A Grande Idéia do SBT. Sócio Diretor da Daryus Consultoria e Treinamento.

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

5 thoughts on “Cruzeiro do Sul, mais uma crise operacional para o FGC

  • Ronaldo

    Uma pergunta básica, será que os demais bancos, pequenos e médios, não estão na mesma situação? Partindo do princípio que têm controle familiar e que a fiscalização sobre os mesmos é branda. Vale a pena pensar a respeito.

  • muito boas suas matérias, Marcos. Parabéns pelo blog.
    Abraços,
    Décio Cheida

  • Carlos A. Rodrigues

    Bela reportagem, mas como investidor, algumas perguntas merecem respostas ‘urgentes’: Com a implantação do “Raet”, como fica os investidores, posto que o BC somente emitiu um comunicado ao mercado informando sobre a aplicabilidade deste regime.
    Se dizem que o BC monitora as operações bancárias, pergunta-se, este monitoramento é preventivo ou somente após a crise instalada ele atua.
    Se existia outro banco querendo adquirir o Cruzeiro do Sul, qual a real razão desta ‘intervenção branca’, posto que o mercado tem o direito de saber, até mesmo para em futuras escolhas de instituições de investimento, haja uma melhor análise.

  • Prezado Carlos,

    Vou responder em partes:
    O Raet é justamente para proteção dos investidores e das instituições financeiras e além do FGC para aplicações até R$ 70 mil reais.
    Posso dizer com conhecimento de causa, o BC monitora constantemente as IF do país, mas quando nos deparamos com pessoas desprovidas de conduta é ética, a identificação das fraudes fica mais difícil, para conhecimento, as IF enviam informações contábeis, credito, risco e limites operacionais mensalmente, além de inúmeras informações diárias, semanais, quinzenais e temos as auditorias externas.
    A questão da aquisição depende muitos dos termos para assumir a administração do banco, neste momento o BC esta justamente avaliando a situação do Cruzeiro do Sul, e em breve teremos noticias, que podem ser a venda para outra IF ou liquidação, depende do que se encontrar nas auditorias que esta senso realizadas.

  • Michelle

    Na verdade, gostaria de complementar e esclerecer ao Carlos que, o RAET é uma administração temporária, que NÃO AFETA o curso regular dos negócios das IFs e nem seu normal funcionamento. A deecretação do RAET não provoca o vencimento antecipado de nenhuma operação ativa ou passiva e NÃO GERA A ATIVAÇÃO DO MECANISMO DE PROTEÇÃO ASSEGURADA PELO FGC. Ou seja, qualquer valor, mesmo o acima de R$ 70mil por CPF será honrado em seu vencimento e enquanto durar o regime do RAET.
    QQ dúvida, entrar em contato com o FGC (11) 3848-2865

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