Compliance não resolve a falta de ética. Melhorar a gestão, sim!
Em nossa busca por conhecimento, me deparei com este artigo de José Roberto Ferro é presidente do Lean Institute Brasil, que corrobora com aquilo que tenho falado há algum tempo, segundo José Roberto: “estão proliferando diretorias exclusivas de “compliance”, exaustivos mapas de riscos, volumosos manuais e códigos de ética e de conduta e esquemas de denúncias anônimas. Tudo leva a crer que o é caminho certo. Mas para não resolver. Prevalece a ideia de “compliance” como a criação de dispositivos a prova de roubos ou de ganância.”, achei fantástica a forma e maneira abordada por ele no artigo, pois o Compliance não é mais importante que o negócio, é suporte para que o negócio possa proposperar dentro das regras, e que seja sustentavel e confiavel. A prioridade do compliance deve ser o negócio, e fazer com que flua e proporcione continuidade e resultados confiáveis, segue abaixo o artigo na integra para conhecimento:
Recentemente fui convidado a participar de um evento sobre gestão na área da saúde. E um dos temas centrais foi “compliance”. Essa preocupação tende a aparecer nas relações entre operadores e hospitais, governos e provedores, hospitais e fornecedores, especialidades médicas e hospitais, entre tantos outros.
O assunto surge especialmente ligado aos múltiplos escândalos do setor, em particular os financeiros.
Embora esse assunto seja comum em quase todas as empresas em todo o mundo, parece ser muito mais grave nesse setor. Muitos tentam enganar uns aos outros. Quase todos parecem querer levar alguma vantagem indevida.
Em um ambiente onde prevalece a falta de confiança e transparência, predominam as relações de perda-ganha, há pouco foco no cliente (ou paciente) e no cuidado, torna-se propício o florescimento desse tema.
Assim, parecem estar proliferando diretorias exclusivas de “compliance”, exaustivos mapas de riscos, volumosos manuais e códigos de ética e de conduta e esquemas de denúncias anônimas. Tudo leva a crer que o é caminho certo. Mas para não resolver. Prevalece a ideia de “compliance” como a criação de dispositivos a prova de roubos ou de ganância.
A gestão médica parece cada vez mais estar se tornando, então, uma arena e um espaço para advogados e contadores, realizando atividades não ligadas diretamente ao propósito central dos serviços de saúde.
Assim, a área médica vem aumentando ainda mais os custos com atividades que deveriam interessar pouco para que as equipes de cuidado possam executar melhor o seu trabalho de agregar valor aos clientes/pacientes.
Mas para que isso funcione é essencial que a liderança dê o exemplo e torne mais transparentes as suas atividades e ações. As práticas corretas devem começar de cima.
É possível que algumas áreas críticas em qualquer empresa precisem de um tratamento de choque. Pode haver “ralos” substanciais a serem tapados. Mas não se pode administrar pela exceção.
Para enfrentar esses graves problemas de “compliance” na área médica deve-se enfrentar a falta de confiança entre os vários atores envolvidos, constituir o ganha-ganha em todo o fluxo de valor, reduzir a “justicialização” e enfocar no valor para os pacientes.
Em resumo, deve-se tomar cuidado com o caminho que se segue para lidar com os problemas de “compliance”. Ele pode orientar para onde vai a empresa.
Muitos tenderão a procurar o caminho fácil dos controles aparentes e da burocracia, de mais TI ou acreditar que os seres humanos poderão ser mais éticos e honestos através de manuais e denúncias.
Isso não funcionará adequadamente até se tentar o caminho difícil de mudar substancialmente as práticas e processos concretos de trabalho, o sistema de gestão e estilo de liderança, assim como partindo de uma definição clara e verdadeira do propósito.
Cuidar da “compliance” poderá ser mais eficaz através de padrões claros e visíveis, da exposição e resolução de problemas e fazer melhorias se tornará parte correta da maneira de trabalhar e de pensar.
*José Roberto Ferro é presidente do Lean Institute Brasil