Conheça seu cliente em bancos virtuais, ainda temos muito a fazer

Toda legislação que faça alguma menção a lavagem de dinheiro, determina um procedimento de Conheça seu Cliente – CSC, que segundo as melhores práticas para instituições financeiras devem estabelecer um conjunto de regras e procedimentos bem definidos com o objetivo de conhecermos o cliente, na busca de identificar e conhecer a origem e de como está a constituição do seu patrimônio e dos recursos financeiros pertencentes a ele.

Quando relacionamos uma Abordagem Baseada em Riscos (ABR) conforme orienta o Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (GAFI/FATF), nos processos de conheça seu cliente, devemos evidenciar que este é um assunto de tamanha criticidade no fator de administração dos riscos bancários, para que possamos além de proteger a reputação e a integridade das instituições e do sistema bancário, devemos levar em consideração da proteção de todos os clientes da referida instituição, com foco objetivo de redução da possibilidade dos bancos se tornarem “parceiros” da lavagem de dinheiro e em alguns casos vítimas de crimes financeiros.

Devemos observar alguns procedimentos a serem realizados na forma de uma avalição do cliente, chamada de “due dilligence”, que nada mais é que um processo de investigação de uma oportunidade de negócio ou de clientes para o negócio, para que possamos avaliar os riscos da transação. Normalmente realizamos estas investigações de forma voluntária sobre o cliente, com o objetivo de conhecer detalhes da sua vida pessoal e profissional, dando maior segurança às informações apresentadas pelo cliente na ficha cadastral.

Essa tal “due dilligence” deve ser realizada pelo gerente de negócios ou gerente de contas, de preferência de forma antecipada da abertura da conta ou no início de seu relacionamento com o cliente, e aqui está o ponto da discórdia, temos como um processo obrigatório na realização de visitas pessoais ao cliente, e que seja nos seus locais de trabalho ou nas instalações comerciais de sua propriedade ou utilizada por ele.

Muitas instituições utilizam várias formas de processos para mitigar os riscos de possíveis envolvimento das instituições em operações de lavagem de dinheiro, sugiro que assistam a série documental da Netflix que escancara crimes de lavagem de dinheiro do HSBC, que na série “Na Rota do Dinheiro Sujo” traz histórias reais que mostram o sofrimento desencadeado por ações criminosas de grandes corporações, como a cooperação do banco com o tráfico de drogas.

Portanto sugerimos que sejam produzidos relatórios com todas as informações, relacionamentos e a checagem das fontes de referências do cliente, instalações, volume de produção e faturamento/receita para análise e aceitação ou não do cliente na instituição.

E quais seriam informações que devem ser apresentadas, justamente ao apresentar um formulário de conheça seu cliente a ser preenchido e assinado pelo responsável de conta, citamos:

• Dados de identificação do cliente
• Descrição sobre a situação financeira do cliente
• Informações sobre existência de atividades profissionais do cliente no Exterior;
• Informações sobre existência de empresas do cliente no Exterior;
• Informações sobre as atividades profissionais e empresarias da família do cliente,
• Informações sobre a capacidade financeira presumível do cliente e sua capacidade de investimento.
• Descrição sobre o relacionamento com o Responsável de Conta
• Demonstração de como foi o processo de prospecção do cliente;
• As referências pessoais e profissionais analisadas,
• As principais instituições financeiras utilizadas pelo cliente.
• Situação Patrimonial Presumida
• Quantificar em % a composição patrimonial do cliente, distribuída em imóveis rurais, urbanos e comerciais, e em aplicações financeiras de renda fixa, variável e demais.
• Declaração de Responsabilidade do gerente de contas
• Declaração assinada pelo responsável da conta, afirmando ter visitado e conhecido o cliente e que está confortável com a sua reputação e origem de seu patrimônio, de acordo com a avaliações por ele efetuada e que durante as visitas realizadas às instalações do cliente, nenhuma irregularidade foi constatada.

O ideal é que a aprovação do cliente ocorra antes da abertura da conta na instituição, mas é possível realizá-lo de outra forma, desde que sejam definidas as condições para os casos não aprovados pela instituição, mas como podemos fazer isso em um banco virtual, onde a comprovação da documentação é feita por fotos e “selfies” de clientes com o documento na mão?

Temos algumas tarefas a serem realizadas, por esse motivo devemos possuir um sistema de validação de informações cadastrais que proporcione maior segurança à instituição que oferece o produto para os possíveis clientes do negócio, em breve teremos mais soluções, o processo de busca de informações será grande.

* Marcos Assi é professor e consultor da MASSI Consultoria – Prêmio Anita Garibaldi 2014, Prêmio Quality 2014, Prêmio Top of Business 2014 e Comendador Acadêmico com a Cruz do Mérito Acadêmico da Câmara Brasileira de Cultura, professor de MBA na FECAP, FIA, Saint Paul Escola de Negócios, Centro Paula Souza, USCS, Trevisan Escola de Negócios, entre outras, autor dos livros “Controles Internos e Cultura Organizacional”, “Gestão de Riscos com Controles Internos” e “Gestão de Compliance e seus desafios” pela Saint Paul Editora. www.massiconsultoria.com.br