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Bancos se preparam para calote nos EUA

Os bancos americanos abasteceram caixas automáticos com recursos adicionais, os investidores se livraram de títulos do Tesouro e os índices de ações dos EUA despencaram ontem, num sinal de crescente inquietação diante do risco de Washington dar um calote em sua dívida nos próximos dias deste mês.

No terceiro dia de paralisação dos serviços do governo, formuladores de políticas públicas e dirigentes empresariais manifestavam crescente preocupação com a possibilidade de republicanos e democratas não chegarem a um acordo para elevar o teto de endividamento antes do prazo final de 17 de outubro.

Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), advertiu sobre as consequências terríveis, para o resto do mundo, caso não se solucione o impasse. Dois dos dez maiores bancos do país disseram estar seguindo um “manual de estratégia” usado em agosto de 2011, a última vez em que o governo chegou perto de estourar o teto de endividamento. Um alto executivo disse que seu banco está mobilizando de 20% a 30% mais dinheiro que o habitual para o caso de clientes em pânico tentarem sacar recursos.

Os bancos, além disso, estão realizando reuniões de emergência diárias para discutir outras medidas, como possíveis saques acima do limite gratuito para clientes que dependem de pagamentos de previdência social do governo.

O Departamento do Tesouro dos EUA disse que o país poderá ficar sem dinheiro para pagar suas contas já no dia 17 se não houver acordo no Congresso.

“Um calote seria [um episódio] sem precedentes e tem potencial de ser catastrófico: os mercados de crédito podem congelar, o valor do dólar pode despencar, as taxas de juros americanas podem disparar”, disse o Tesouro em relatório divulgado ontem, mencionando “repercussões negativas em todo o mundo”. E acrescentou: “Pode haver uma crise financeira e uma recessão capazes de reproduzir os acontecimentos de 2008, ou coisa pior”.

Os mercados financeiros se mostravam relativamente confiantes com relação ao impasse fiscal dos EUA até ontem, quando o S&P 500 teve perdas de 0,90%.

Os ágios para contratar seguro contra um calote soberano americano nos próximos doze meses subiram de cerca de 30 pontos-base para 54 pontos-base. Os fundos de empréstimos de curto prazo são grandes detentores de títulos do Tesouro, e esses papéis de curto prazo são encarados como equivalentes a dinheiro em caixa, uma vez que contam com o respaldo do crédito integral do governo americano.

Mas, com a aproximação do prazo final para definir o teto de endividamento e a ausência de um acordo em Washington, os fundos de empréstimos de curto prazo tentam se desvencilhar de suas posições em letras com data de outubro, disseram os operadores. Com a intensificação das preocupações, o presidente Barack Obama fez um discurso agressivo, em que atacou os republicanos por insistir em adiar a liberação de recursos para suas reformas na área de assistência médica em troca de sua aprovação do orçamento. “Só existe uma maneira de sair desta paralisia imprudente e prejudicial dos republicanos”, disse ele. “Votem – parem com esta farsa!”, acrescentou, sob aplausos.

Na noite de quarta-feira, Obama se reuniu com líderes parlamentares de ambos partidos, mas não conseguiu conciliar suas diferenças. Seu governo e os democratas acreditam que dotar o governo de recursos de custeio e autorizar que ele tome novos empréstimos para pagar as contas do país não deveria ser questão sujeita a negociação.

Mas os republicanos do Congresso se mantiveram firmes em sua tentativa de arrancar concessões da Casa Branca, principalmente para solapar a lei da assistência médica de 2010, conhecida como “Obamacare”.

Na medida em que as tentativas de encerrar a suspensão dos serviços do governo se fundem em conversações para evitar um calote dos EUA, os republicanos poderão também reavivar suas exigências de grandes concessões fiscais – como profundos cortes de gastos, sem aumento de impostos – da parte do presidente.

Mas Obama repetiu que os republicanos deveriam prover incondicionalmente o governo de recursos de custeio e elevar o limite de endividamento. “Usar a força para obrigar alguém a fazer alguma coisa não é negociar”, afirmou ele.

Em apenas duas semanas o governo dos Estados Unidos ficará com apenas US$ 30 bilhões para pagar suas contas, e advertiu que, pouco tempo depois, suas obrigações reais deverão ultrapassar esse total.

Funcionários do Tesouro dos EUA estão relutantes em especificar que contas serão pagas e em que momento será decretado o calote. Limitaram-se a dizer que não há outra opção a não ser aumentar os poderes para tomar empréstimos e que priorizar determinados pagamentos em relação a outros, como o sugerido por muitos republicanos, é impraticável.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.