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Banco Cruzeiro do Sul tinha crédito inconsistente no Rio

O Banco Central tem indícios de que os problemas que levaram à intervenção no Banco Cruzeiro do Sul podem ter surgido nas operações do Rio de Janeiro, segundo o diretor de fiscalização do Banco Central, Anthero de Moraes Meirelles. “Parece que lá estava o problema”, disse o diretor, em entrevista ao Valor ontem na sede do BC em São Paulo.

As chamadas inconsistências contábeis foram detectadas, segundo ele, por um novo sistema estatístico que cruza dados de mercado, dos balanços dos bancos e das informações da Central de Risco de Crédito.

Meirelles, à frente do departamento há pouco mais de um ano, garante que o BC “está no controle”, mesmo com os seis casos recentes de intervenções e vendas de bancos pequenos e médios com indícios de fraudes. “Não vamos adotar em nenhum momento uma estratégia de avestruz.”

Valor: O sistema financeiro brasileiro está robusto, mas acabamos de ter um episódio que envolve fraude, no Cruzeiro do Sul.

Meirelles Fraude é crime e será apurado ao longo do processo. Nós chamamos de inconsistências contábeis, ativos cuja existência não nos restou provada, que motivaram nossa ação de regime de administração especial temporária no (Raet) no Cruzeiro do Sul. Mas são vários aspectos que precisam ser considerados. O primeiro deles é que se trata de uma instituição completamente irrelevante para o sistema. Tinha no fim do ano passado 0,22% dos ativos totais do sistema [de R$ 5,2 trilhões]. Em termos de depósitos, tinha 0,35% do total. E não tinha praticamente interconexão com outras instituições. Embora continue funcionando [sob administração do Fundo Garantidor de Créditos (FGC)], se for retirada do sistema, não virá ninguém pendurado nela.

Valor: No caso do Cruzeiro do Sul ainda não foi feita denúncia ao Ministério Público?

Meirelles: Ainda não, e estamos apurando. Mas em todos os casos recentes, tendo ou não solução de mercado, foram abertos processos punitivos, no âmbito administrativo do BC, e foram feitas denúncias ao Ministério Público.

Valor: Em quais casos?

Meirelles: PanAmericano, Schahin, Matone, Morada, Oboé. Todos eles, onde identificamos irregularidades e indícios de crimes, comunicamos ao Ministério Público. Em alguns casos, já foram tomadas medidas punitivas.

Valor: E no Schahin?

Meirelles: No Schahin ainda não houve decisão.

Valor: E qual foi o problema?

Meirelles: São inconsistências contábeis.

Valor: Mas o fato de termos cinco ou seis casos em um ano e meio não preocupa?

Meirelles: Não. A fiscalização do BC vem se aprimorando de maneira intensa, contínua e rápida. Quem pegou a fraude foi o BC. Dizem que demoramos a pegar, mas uma fraude contábil, financeira é feita com todos os requintes para tentar escondê-la.

Valor: Como o BC detectou os problemas no caso do Cruzeiro?

Meirelles: Todas as inconsistências, ou prováveis inconsistências, estão totalmente encapsuladas dentro do banco. É algo que não tem nenhuma repercussão para outros bancos.

Valor: E como pegaram?

Meirelles: Foi feito um desenvolvimento de ferramentas para avaliação e análise econômico financeira e detecção de inconsistências. É quase uma revolução silenciosa. O foco é permitir que o BC tenha o máximo possível de informações para que se saiba o que está ocorrendo no mercado financeiro e no sistema bancário e quais são os principais riscos.

“Embora continue funcionando, se a instituição for retirada do sistema, não virá ninguém pendurado nela”

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.