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BC investiga dividendos do Cruzeiro do Sul

O Cruzeiro do Sul distribuiu R$ 232 milhões em dividendos entre 2009 e 2011 com base em resultados hoje sob suspeita de fraude. Cerca de 80% desse valor teria sido entregue para os controladores do banco, a família Índio da Costa. A história está sendo investigada pelo Banco Central (BC) e pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que assumiu a administração do banco na semana passada.

O Cruzeiro do Sul sofreu intervenção do BC na segunda-feira passada, após a descoberta de um rombo inicialmente avaliado em R$ 1,3 bilhão – que pode ser ainda maior. O banco usava vários artifícios para maquiar os balanços e esconder problemas, segundo o BC. Entre eles, cerca de 300 mil empréstimos consignados suspeitos de serem falsos.

Chamou a atenção de pessoas envolvidas nas investigações a proporção entre os dividendos distribuídos e os lucros registrados em balanço. Em 2010, por exemplo, R$ 64,4 milhões foram distribuídos de um lucro de R$ 81,9 milhões obtido no exercício anterior (2009). Ou seja, 78,6%.

Em 2011, 69% dos ganhos viraram dividendos. Os dados foram compilados pela empresa de informações financeiras Economática. Mesmo para os padrões do setor bancário, tradicionalmente bom pagador de dividendos, a proporção parece elevada. Na média, os dividendos correspondem a entre 25% e 35% do lucro obtido. Procurados, os controladores do banco preferiram não se manifestar. A pessoas próximas, porém, disseram que os dividendos foram retirados para pagar um empréstimo pessoal de R$ 250 milhões, feito como banco BTG Pactual quando preparavam o Cruzeiro do Sul para abrir o capital na bolsa.

Os números refletem apenas o que acontecia no banco. Levando-se em conta o balanço consolidado do grupo Cruzeiro do Sul (que incluía a corretora de valores, a seguradora e a promotora de vendas Proveban, entre outras empresas), o cenário fica ainda mais nebuloso.

O grupo como um todo deu prejuízo em três dos últimos quatro anos. Em 2008, as perdas foram de R$ 130,6 milhões. Em 2010, de R$ 68,9 milhões. No ano passado, o prejuízo alcançou R$ 98,9 milhões. Mesmo assim, o banco nunca deixou de pagar dividendos aos seus acionistas.

Estado fez à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um questionamento hipotético, sem citar o nome do banco. “Em princípio”, não haveria problema. Uma das hipóteses investigadas, que pode servir como atenuante para os antigos controladores, é que eles tenham revertido os dividendos recebidos (ou parte desses recursos) para capitalizar o próprio banco.

Em nota ao Estado, o BC afirmou que as inconsistências encontradas na contabilidade do Cruzeiro do Sul estão sendo apuradas pelo FGC e pela comissão de inquérito administrativo da própria autoridade monetária.

Fonte: LEANDRO MODÉ, DAVID FRIEDLANDER – O Estado de S.Paulo

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.