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Banco Cruzeiro do Sul fabricou créditos e resultados a partir de 2007

Uma série de artimanhas foi utilizada pelos administradores do banco Cruzeiro do Sul na fabricação de resultados financeiros, segundo relata o Ministério Público em ação elaborada a partir de inquérito do Banco Central. São operações que, de acordo com as autoridades, camuflaram prejuízos que vinham acontecendo desde 2007 (ver gráfico abaixo).

Empréstimos concedidos a falsos clientes, por exemplo, foram usados pelos administradores do Cruzeiro para desvio de recursos do banco e, ao mesmo tempo, para inflar os ativos da instituição controlada por um ramo da família Indio da Costa, do Rio de Janeiro.

Levantamento do BC, reportado pelo Ministério Público, mostra que o Cruzeiro do Sul simulava operações de crédito com o objetivo de transferir os recursos do banco para empresas que tinham como sócios os próprios Indio da Costa, como a Patrimonial Maragato.

Com isso, diversas cédulas de crédito bancário (CCB) foram emitidas por clientes fictícios, sem que houvesse lastro para as operações de crédito. Mesmo assim, essas CCBs foram vendidas pelo Cruzeiro a fundos de investimentos cujas cotas eram detidas pelo próprio banco, o que inflava seu patrimônio.

A partir de um outro tipo de operação fraudulenta, o banco gerava resultados falsos, com o objetivo de aumentar o volume de recursos distribuídos via dividendos. Em maio de 2011, o banco comprou por R$ 9,25 milhões cotas do fundo Verax IAA. Dentro desse fundo estavam direitos creditórios de uma ação de indenização movida pela usina Bititinga contra o governo.

A discussão do crédito se dá em torno da indenização pelo dano causado com a fixação de preços de açúcar e álcool, o que dá a esse tipo de papel “um grau elevado de dúvida em relação ao seu valor de realização”, segundo a ação do MP.

Mesmo sem um mercado secundário, o banco simulou ajustes a valor de mercado das cotas do fundo, como se os títulos tivessem variações frequentes. Com isso, uma aplicação inicial de R$ 9,25 milhões feita em 27 de maio de 2011 se transformou em R$ 33,41 milhões apenas quatro dias depois.

Essa receita extra, que representou 30,5% do lucro do banco no segundo trimestre de 2011, serviu como base de distribuição de dividendos aos acionistas do Cruzeiro do Sul. Ao todo, essa operação gerou uma saída de R$ 17,24 milhões do caixa da instituição.

A comissão de inquérito apontada pelo BC distribuiu o rombo patrimonial de R$ 2,24 bilhões encontrado no Cruzeiro ao longo do tempo, de 2007 até a intervenção, para coincidir com os diferentes mandatos de executivos e conselheiros e, dessa forma, poder responsabilizá-los pela cobrança das perdas (ver quadro)(CM)

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.

4 thoughts on “Banco Cruzeiro do Sul fabricou créditos e resultados a partir de 2007

  • Ok, foram feitas maracutaias, ta bem claro isso. E ai? Vocês acreditam que só os diretores do Cruzeiro do Sul são criativos?
    Será que o erro é de responsabilidade exclusivo da auditoria Externa? E o auditoria interna? E os controles internos?
    Quais serão os próximos?

  • ARTUR DOS SANTOS

    Em resumo, dá para captar o patrimõnio da populaçao e, por meio de fraudes, transformar o patrimõnio de outrem em patrimônio próprio DURANTE 5 ANOS, pois o Banco Central leva 5 anos ou mais para conseguir perceber alguma coisa.
    Como é simples a receita para tornar-se rico no Brasil!
    Então somos trouxas; pois trabalhamos durante décadas para garantir uma velhice independente e investimos em um banco cujas operações acreditamos estar sendo fiscalizadas pelo Banco Central!

  • geraldo antunes

    O caso Banco Cruzeiro do Sul é uma engenharia complexa que jamais poderia ser realizada se não houvesse a combinação de agentes do interior do Banco, consultores externos e elementos com função fiscalizatória. Aliás, estes últimos é que devem ser investigados primeiro; pois são os que tem maior capacidade articulatória.

  • LUIS CARLOS GARCIA

    Luciano

    O FGC não garante todos os investimentos e cobre valores até certo limite. Mas, independentemente disso, o necessário é não cometer crimes, nem como autor e nem como partícipe. E o Banco Central tem de exercer a função fiscalizatória e, quando esta não existir ou for malfeita, tem de cobrir os investimentos – o que está fora de cogitação, pois não irão admitir a culpa em nenhuma hipótese. Afinal, vale tudo para ascender na carreira e lotar de presentes bolsos e bolsas.

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