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Área técnica da CVM quer rodízio para Terco e Trevisan

Ainda não há uma decisão definitiva sobre o que ocorre, para fins de rodízio obrigatório, com os clientes herdados da Terco e da Trevisan pela Ernst & Young e KPMG, respectivamente.

Embora a área técnica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não diga com todas as letras, o Valor apurou com outras fontes que o entendimento é que o tempo de relacionamento com Terco e Trevisan deve sim ser contado para o prazo limite de cinco anos. “Já tomamos nossa decisão. E analisamos o espírito da norma, que é o de que a prestação continuada do serviço pode prejudicar a independência”, disse José Carlos Bezerra, que comanda a superintendência de normas contábeis da CVM.

A área técnica se manifestou sobre uma consulta feita apenas pela Ernst & Young Terco, que entrou com recurso para levar o caso ao colegiado da autarquia.

Em 2004, os diretores da CVM reformaram uma decisão da área técnica permitindo que a Deloitte mantivesse os clientes assumidos da Arthur Andersen no Brasil, sem a necessidade de rodízio.

Na KPMG, 40 clientes companhias abertas vieram da Trevisan (ex-parceira da BDO). “Não necessariamente todas elas teriam de rodar já em 2012”, disse Charles Krieck, sócio-líder da área de auditoria da KPMG. No universo das 200 maiores, sete das 15 clientes ex-Trevisan teriam que trocar de auditor.

Um total de 30 clientes da Terco (ex-parceira da Grant Thornton) foram para a lista da Ernst & Young. Cerca de um terço deles, segundo o Idésio Coelho, sócio da firma, teria que trocar agora. “Alguns clientes, como incorporadoras, tiveram seu processo de abertura de capital muito recentemente”, afirmou Coelho.

Na concorrência pelo quinto lugar no ranking das maiores firmas de auditoria no Brasil, BDO RCS e Grant Thornton esperam aproveitar a oportunidade do rodízio para se posicionar no mercado. “É uma briga na qual não temos nada a perder, pois nossos clientes são todos novos”, explica Marcos Sanches, sócio da Grant Thornton Brasil. Atualmente, a Grant Thornton tem sete clientes companhias abertas. O objetivo é aproveitar o rodízio para, no mínimo, dobrar esse número.

Para tanto, a firma vai manter seu foco em empresas de pequeno e médio porte, uma forma de driblar a pressão de mercado de que as grandes companhias sejam auditadas por uma das “Big Four”.

Unida à RCS, a BDO diz que tem como clientes 15 companhias listadas e só vai perder uma na rotação. Segundo Raul Corrêa da Silva, presidente da firma, os planos são aproveitar o rodízio e outras oportunidades para encerrar 2012 carimbando de 25 a 30 balanços de companhias abertas de médio porte. A BDO RCS afirma que tem foco nos segmentos de agronegócios, construção civil e varejo.

Rotação impõe um desafio operacional para as firmas

A troca obrigatória de auditorias impõe um desafio não apenas econômico, mas também operacional para as firmas do setor. A partir do ano que vem, por exemplo, a Deloitte terá de realocar o batalhão de profissionais que audita a Gerdau no Rio Grande do Sul.

Segundo José Domingos do Prado, sócio-líder de auditoria da Deloitte, o lado positivo é que a operação de auditoria é integrada à de consultoria na região Sul. Assim, ele espera voltar a prestar serviços de consultoria para a siderúrgica gaúcha e também pretende usar parte dos colaboradores em clientes das unidades regionais de Joinville e Curitiba.

Em mercados como Rio e São Paulo, diz ele, é mais fácil realocar as pessoas para outros clientes em empresas dos mesmos setores ou de áreas correlatas.

Segundo Henrique Luz, sócio da PwC, as grandes firmas têm como alternativa também transferir colaboradores para outras regiões ou mesmo para parcerias da mesma rede internacional. “Você perde um cliente grande no Rio Grande do Sul, mas tem uma carteira boa de clientes em Minas Gerais. Podemos transferir pessoas também para Wisconsin, nos EUA, ou para a Alemanha”, enumera.

Na KMPG, a conquista, empresa a empresa, não tem sido tarefa fácil. “Cerca de metade do tempo do nosso trabalho atualmente tem sido nos dedicar a isso. E ainda temos que concluir as demonstrações do quarto trimestre”, assume o sócio Charles Krieck.

Fora isso, a KMPG, que perdeu a Petrobras, tem agora o desafio de reposicionar os profissionais que atuaram na estatal nos últimos anos. “Seria um desperdício perdermos esses profissionais. Mas estamos confiantes de que isso não acontecerá”, disse. “E já conseguimos outros clientes de peso”, garante, sem citar nomes. 

Fonte: Fernando Torres e Marina Falcão, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.