PCAOB: Escândalo expôs limites dos órgãos reguladores
Ao mesmo tempo em que levou a uma maior fiscalização das firmas de auditoria, o escândalo da Enron também acabou por revelar o limite do poder dos órgãos reguladores.
O fracasso da Arthur Andersen, que auditava as demonstrações financeiras da empresa, em evitar que se cliente usasse esquemas fora dos balanços para esconder suas dívidas contribuiu para a criação de um novo regulador nos Estados Unidos, o Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB).
Criado em 2002, o PCAOB inspeciona o trabalho dos auditores numa tentativa de assegurar que eles não deixem passar nenhum tipo de contabilidade fraudulenta ou pouco consistente.
Inicialmente, a efetividade do regulador foi dificultada por um desafio fracassado à sua constitucionalidade. Agora, sob o comando de James Doty, o novo presidente do conselho, o PCAOB parece estar retomando o tempo perdido.
Em outubro, o PCAOB publicou um relatório embaraçoso sobre a divisão americana da Deloitte, evidenciando um novo ímpeto de dar nome aos bois. O documento também reforçou o direito de inspecionar auditorias em outros países.
“O órgão ainda está amadurecendo na medida em que aumenta seu alcance para fora dos Estados Unidos”, afirmou Jean Stephens, presidente da RSM International, uma rede de contabilidade de médio porte.
Mas, apesar da nova musculatura da PCAOB, o alcance das punições às grandes firmas de auditoria por desvios criminais no futuro ainda parece limitado.
A falência da Arthur Andersen após uma acusação criminal nos Estados Unidos deixou o mundo com apenas quatro grandes firmas de auditoria: PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG.
O medo de que a destruição de uma das “Big Four” restantes provoque pânico entre os investidores faz com que seja “absolutamente impossível” indiciá-las com acusações criminais, afirma Francine McKenna, uma antiga auditora que agora tem um blog sobre a profissão.
O escândalo da Enron também levantou dúvidas quanto à independência dos auditores que prestam serviços de consultoria para seus clientes.
Essas preocupações continuam fortes, como ficou evidente na semana passada, quando a Comissão Europeia apresentou uma nova ofensiva contra os trabalhos de consultoria, o que pode levar as Big Four a dividir suas operações na Europa.
Fonte: Adam Jones | Financial Times, Valor Economico