Saiba como fechar empresa sem ter dor de cabeça

Especialista dá dicas de como colocar um ponto final aos negócios e contador torna-se a melhor saída

Fechar as portas do local onde foram depositados sonhos e economias é sempre muito difícil, mas algumas medidas podem diminuir o sofrimento do dono e os rombos nas contas que restaram.

Para começar, é preciso identificar a hora certa de parar. “É um momento muito difícil para qualquer empresário porque envolve o lado emocional. Ele acredita que se tentar um pouco mais as coisas melhoram, mas nem sempre isso acontece e é necessário partir para o lado racional”, afirma Dalton Vietsi, coordenador dos cursos de graduação da Trevisan Escola de Negócios.

Segundo Dalton, um exemplo que pode ajudar é o do mergulhador que está ficando sem oxigênio. “Você percebe que o ar está acabando, então não insista até ficar sufocado”, recomenda o professor, que lista três situações que costumam anteceder o fechamento: não ter mercadoria suficiente, não ter dinheiro para efetuar compras e ter de escolher qual das diversas contas pagar.

Se esse é o seu caso, há ainda a opção de procurar um sócio que aceite investir e fazer um balanço dos erros. Do contrário, é importante considerar a possibilidade de pôr fim ao negócio.

“É um erro, nesse momento, contrair um empréstimo e fazer aquela compra absurda. Isso pode apenas piorar as dívidas”, diz Dalton, que reconhece a dificuldade de tomar a decisão de fechar a empresa.

“No Brasil, estamos acostumados a ouvir histórias de sucesso. Se você não consegue, é taxado de fracassado, e isso é complicado.”

A MELHOR SAÍDA

O contador Walker Tadeu Pereira alerta que o primeiro passo é procurar um profissional para que se faça isso, já que a baixa tem de ser dada em todos os órgãos em que está cadastrado. “O contador tem todos os programas e conhece quais são os documentos necessários para realizar o encerramento”, destaca.

Porém, não basta apenas procurar um escritório que resolva os problemas pendentes da empresa. É preciso pesquisar preço e, principalmente, o serviço idôneo. “Muitas pessoas acham que a firma já está fechada, porém continua aberta e gerando mais impostos ao dono”, lembra Pereira.

O empresário José de Jesus Molina teve dor de cabeça ao abrir e fechar sua empresa de prestação de serviços.

Ele e sua equipe fazem instalações em indústrias, porém o escritório que procurou o registrou como loja de material de construção.

Quando descobriu o erro, teve que procurar outro contador. “Tive dificuldades, pois atrapalhou meu trabalho para resolver o incidente e fechar a firma que não havia atividades”, conta.

Falta de público/ Em busca de ter seu próprio negócio, Ana Luiza Calheiros decidiu investir em algo mais inusitado, porém não achou o público que procurava. “Vendia roupas e artigos infantis delivery, mas em Sorocaba as pessoas ainda tem receio e não abrem as portas para o comerciante, então tive de fechar a firma”.

As atividades pararam em dezembro de 2010, mas até colocar a papelada em ordem e pagar impostos, Ana Luiza conseguiu fechar burocraticamente a empresa apenas mais de seis meses depois.

O contador Pereira relata que em um mês cerca de 15 empresas procuram o escritório para dar baixa nas atividades. “A procura por fechamento acentuou por causa do MEI (Micro Empreendedor Individual) que oferece mais facilidades ao proprietário do negócio”, revela o profissional.

Fonte: Stefhanie Piovezan e Tatiane Patron/Agência BOM – Diário de São Paulo