Sócios e associados do BTG ficarão sem bônus
Os 64 sócios e 175 associados do banco BTG Pactual ficarão sem o tradicional bônus do segundo semestre, segundo uma pessoa a par do assunto. A remuneração variável será mantida apenas para funcionários que não detêm qualquer participação acionária. Nesse caso, o pagamento será na data habitual, 15 de fevereiro, mas consumirá um volume de recursos bem inferior ao que o banco se preparava para pagar quando foi abatido pela crise de credibilidade detonada pela prisão de seu ex-controlador, André Esteves.
Os bônus correspondentes ao resultado do segundo semestre costumam ser calculados e informados aos funcionários antes do Natal e pagos em fevereiro. Nas últimas demonstrações financeiras, o banco já havia informado um volume de bônus de R$ 520 milhões referente ao terceiro trimestre, quando registrou lucro de R$ 1,5 bilhão. O quarto trimestre caminhava para também ser forte em resultado, mas a necessidade de preservar a liquidez falou mais alto. Com a exclusão de sócios e associados do pagamento, uma parcela mínima do benefício será efetivamente paga.
A decisão não é fácil, porque Esteves foi preso já no fim de novembro, ou seja, boa parte do trimestre já se passara, com geração de resultado.
Há cerca de dez dias o banco precisou recorrer a um empréstimo de liquidez do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) no valor de R$ 6 bilhões, a serem sacados em tranches, para recompor seu caixa. Manter o pagamento de bônus a sócios e associados nesse contexto seria bastante polêmico. Por outro lado, o cancelamento dos bônus deixa o BTG mais exposto ao risco de perder pessoas estratégicas, já abaladas pela crise de confiança do banco. De certa forma, a depressão econômica ajuda o banco a segurar talentos, já que seus concorrentes têm feito cortes de pessoal e têm evitado contratações.
Os funcionários que receberão bônus só serão informados dos valores em janeiro.
O conselho de administração do banco ainda não tomou uma decisão sobre a distribuição de lucros aos acionistas, na forma de juros sobre capital próprio e dividendos. O banco costuma distribuir 25% do seu lucro e reinvestir os outros 75%.
Até setembro, havia declarado R$ 422 milhões em juros sobre capital próprio relativos a este exercício, já pagos em agosto, e outros R$ 47 milhões em dividendos também de 2015, totalizando R$ 470 milhões em distribuição de lucros aos acionistas. Em março houve ainda o pagamento de R$ 106 milhões, porém relativos a exercícios anteriores.
Há uma expectativa de que em breve o banco comece a fazer cortes expressivos de pessoal, já que seus negócios têm encolhido desde a prisão de Esteves e ficarão ainda menores conforme vende ativos para fazer caixa.
Fonte: Valor Economico