SEC não vê evidência de lucros no crash de maio
As agências reguladoras americanas não encontraram evidências de que os operadores tentaram obter lucros durante o “crash” do mercado acionário em 6 de maio, disse um funcionário da Comissão de Valores Mobiliários americana (SEC). Até agora, não há indicações de que “um ou mais participantes tenham inundado o mercado com cotações” para provocar atrasos no andamento do fluxo de informações na bolsa, disse Gregg Berman, um conselheiro sênior que assessora a divisão de Negócios e Mercados da SEC.
Os comentários de Berman contradizem hipóteses lançadas pela Nanex LLC, uma provedora de dados ao mercado, para quem os operadores de alta frequência desestabilizaram os negócios na Bolsa de Nova York (NYSE) ao realizarem e cancelarem milhares de ordens rapidíssimas. Executivos lançaram dúvidas sobre as conclusões da SEC e da Comissão de Trading de Contratos Futuros de Commodities (CFTC, em inglês), de que as vendas de contratos futuros por uma única empresa de fundos mútuos disparou uma cadeia de vendas que afetou ações e papéis de fundos negociados na bolsa. O “crash” eliminou US$ 862 bilhões do valor de ações em 20 minutos.
Brooksley Born, ex-presidente da CFTC com assento na comissão que assessora as agências reguladoras, disse que a confiança dos investidores tem sido corroída por preocupações acerca das operações de alta frequência, defendendo que os traders que usam esse sistema têm melhor acesso aos mercados e a informações. Ela disse estar preocupada com o fato de algumas empresas apresentarem cotações “fraudulentas” com o objetivo de ter uma noção das tendências de preços dos ativos.
Os acontecimentos de 6 de maio fizeram com que a SEC e a CFTC intensificassem a fiscalização dos negócios computadorizados, no qual fundos mútuos e fundos de hedge, empregam algoritmos para executar ordens mais vultosas, por meio de séries de ordens de compra ou de venda menores. Os algoritmos levam em conta os preços aos quais os traders desejam executar os negócios, os volume negociados, os dados históricos e as condições de mercado.
Robert Cook, diretor da unidade de trading e de mercados da SEC, disse que as agências reguladoras estão examinando como corretoras e outras empresas criam algoritmos, como testam programas de computador e quais informações são divulgadas aos clientes sobre o seu funcionamento. Também avaliam se o algoritmo de uma empresa pode produzir um efeito cascata, fazendo com que as execuções de ordens afetem os preços de mercado de forma a desencadear novas ordens simultâneas, disse Andrei Kirilenko, economista sênior da CFTC. Para Bart Chilton, comissário da CFTC, deveria haver restrições sobre transações algorítmicas e limite ao número de contratos que uma única empresa pode negociar.
Fonte: Jesse Westbrook e Nina Mehta, Bloomberg, Valor Economico