Notícias

Às vésperas, diretores ajustam bens

duvidasNos meses de setembro e outubro, o executivo Wilson Roberto de Aro, que até o início da semana ocupava o cargo de diretor financeiro do Banco PanAmericano, adotou um conjunto de ações que costumam ser utilizadas na montagem de estruturas de planejamento patrimonial. As medidas tomadas por Wilson de Aro, destituído nesta semana dos cargos de diretor financeiro e diretor de relações com investidores do banco de Silvio Santos, incluem a criação de empresas e a destinação de imóvel dos quais ele e sua família são titulares. O primeiro desses atos foi executado em 23 de setembro, data que coincide com a descoberta, pelo Banco Central, de irregularidades no PanAmericano a partir da análise dos balanços do segundo trimestre de diversas instituições financeiras, há seis semanas.

De acordo com a edição eletrônica do Diário da Justiça de São Paulo de 25 de outubro, pouco mais de um mês antes, Wilson Roberto de Aro e sua mulher, Marcia Regina Mazeto de Aro, registraram o imóvel onde residem como “bem de família” em um cartório. Pela jurisprudência adotada no país, o “bem de família” não pode ser penhorado em caso de dívida.

O registro da residência – um apartamento na rua Haddock Lobo, localizado nos Jardins, bairro nobre da capital paulista – constará da escritura, caso não haja nenhum pedido de impugnação da medida em 30 dias, a contar da publicação no Diário Oficial.

Dias depois, em 30 de setembro, a Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) registrou a GWM Administração e Participações, uma sociedade por ações que iniciou suas atividades no dia 20 do mesmo mês e tem como titulares Márcia Regina e a filha do casal, ocupando, respectivamente, os cargos de presidente e vice-presidente. Caracterizada como holding de instituições não-financeiras e com sede localizada no mesmo endereço residencial da família Aro, a GWM tornou-se, logo em seguida, sócia de duas empresas abertas pelo casal Aro entre 2005 e 2006. Sociedades limitadas, a Focus Consultoria Financeira e a Infocus Administração Financeira receberam a GWM como sócia nos dias 15 e 25 de outubro, respectivamente. Na data desta última alteração também foi registrada a M2GW Administração e Participações, uma nova sociedade por ações cujas titulares também são mãe e filha. No mesmo dia a Junta Comercial registrou a transferência da totalidade das ações da M2GW, no valor de R$ 3,1 milhões, aos filhos do casal, por doação.

Wilson Roberto de Aro, administrador de empresas formado pela Faculdade Metodista e pós-graduado em administração financeira e gestão de negócios pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), trabalhava desde 1974 no Grupo Silvio Santos. Começou sua carreira como assistente administrativo e desenvolveu várias funções até chegar à diretoria do PanAmericano, em 1997.

Estratégias de planejamento patrimonial e sucessório como a que aparentemente foi feita pelo executivo são legítimas e podem ocorrer legalmente. Costumam ser feitas para evitar que disputas familiares ou profissionais acabem comprometendo a continuidade da atividade econômica. Consultorias especializadas que oferecem o serviço alertam para a necessidade de preservar empresas e patrimônios pessoais diante de sucessões que envolvem disputas familiares e mudanças na economia.

Frequentemente, estruturas assim envolvem doações em vida e abertura de empresas, muitas vezes fora do país. O executivo Rafael Palladino, que era diretor superintentente do PanAmericano até ser destituído nesta semana, pode ser um desses exemplos. Palladino, formado em educação física pela USP e professor durante 15 anos, ingressou no banco em 1991. Primo da mulher de Silvio Santos, Íris Abravanel, Palladino também tem empresas registradas em seu nome e de sua mulher, Ruth Ramalho Ruivo Palladino, na Junta Comercial. A última delas – a Max America Participações, uma limitada – foi constituída em 2007.

Em abril do ano passado, o casal abriu uma empresa de mesmo nome em Miami – a Max America of Florida LLC. Em nome de pessoas físicas, empresas desse tipo funcionam como holdings e podem se destinar a diversas atividades, como operações de comércio exterior, recebimento de royalties e comissões ou simplesmente para abertura de contas bancárias em nome de pessoa jurídica em jurisdições estrangeiras.

Fonte: Cristine Prestes, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.