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Pós-JP, Fed investigará outros bancos

As perdas de US$ 2 bilhões que o J.P. Morgan Chase teve em negócios com títulos levaram o Federal Reserve Bank (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de Nova York a examinar como os bancos de sua jurisdição estão administrando uma onda de depósitos que vem inundando o sistema financeiro desde a crise de crédito. A informação foi dada ontem por fontes familiarizadas com a situação.

O prejuízo anunciado na semana passada ocorreu em seu principal departamento de investimentos, que supervisiona cerca de US$ 360 bilhões em recursos que são a diferença entre os depósitos e o que o banco empresta.

O Fed de Nova York está investigando como outros bancos que o órgão supervisor regula estão investindo os depósitos que não são emprestados, informou a fonte, que não está autorizada a discutir o assunto publicamente e não quis ser identificada.

Os bancos estão lutando para administrar um afluxo de depósitos, uma vez que os investidores estão aproveitando uma garantia federal maior e a percepção de segurança dos maiores bancos. Os depósitos totais nas instituições seguradas pela Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC) subiram para cerca de US$ 10,2 trilhões no fim do ano passado, em comparação a US$ 8,2 trilhões no terceiro trimestre de 2007. No mesmo período, os empréstimos totais caíram de US$ 7,7 trilhões para US$ 7,5 trilhões.

Os títulos nas carteiras dos bancos cresceram de US$ 2 trilhões para US$ 2,9 trilhões, segundo dados da FDIC. Em outubro de 2008, o presidente George W. Bush sancionou uma lei que aumentava temporariamente a cobertura de seguro de depósitos de US$ 100 mil para US$ 250 mil por correntista. A lei Dodd-Frank de reorganização da regulamentação financeira, que o presidente Barack Obama sancionou em 2010, tornou esse aumento permanente.

Jamie Dimon, presidente-executivo do J.P. Morgan, disse em uma conferência com analistas, em 10 de maio, após anunciar a perda, que todos os bancos têm “esses portfólios bem grandes” que investem o caixa excedente.

Dimon encorajou a unidade a aumentar os lucros comprando ativos de rendimentos mais altos, incluindo crédito estruturado, ações e derivativos, segundo disseram ex-funcionários do banco em abril. “Devo salientar a todos que estão na linha, que vocês podem conferir que as instituições têm esses portfólios”, disse Dimon, referindo-se aos documentos dos balancetes trimestrais encaminhados às autoridades reguladoras. “Alguns bancos fazem certas coisas e alguns fazem outras. Mas para investir esses depósitos excedentes, você compra títulos. Isso vem acontecendo há 100 anos na atividade bancária.”

O presidente do Fed de Nova York, Daniel Tarullo, reformulou a abordagem supervisora do Fed de um processo de exame focado nos bancos, para uma visão mais sistêmica que compara as práticas de várias instituições ao mesmo tempo. O principal fórum para essas análises é o Large Institution Supervision Coordinating Committee, ou LISCC, que inclui supervisores graduados das representações regionais do Fed e também economistas, especialistas dos mercados financeiros e modeladores de tecnologia da informação.

“Estamos complementando a tradicional postura supervisora de firma por firma, com o uso rotineiro de análises horizontais (entre as firmas), para monitorar as práticas do setor, as negociações habituais e estratégias de financiamento, desenvolvimento de balanços, interconectividade e outros fatores com implicações para o risco sistêmico”, disse recentemente o presidente do Fed Ben Bernanke.

Barbara Hagenbauch, porta-voz do Fed, não quis comentar o assunto ontem. Ela disse no começo da semana que o banco central, enquanto supervisor da companhia holding do J.P. Morgan, está estudando questões organizacionais em torno das perdas com transações, para garantir que elas não se repetirão em outras áreas do banco.

As perdas reforçam a importância dos colchões de capital, disse ela. O Office of Comptroller of the Currency (OCC) informou esta semana que está examinando as atividades do J.P. Morgan e suas transações. “Nossos investigadores também estão avaliando as estratégias de gerenciamento de risco e as práticas empregadas em outros grandes bancos, para validar nosso entendimento sobre os níveis inerentes de risco e controlar esses riscos”. Disse Bryan Hubbard, porta-voz do OCC.

O OCC supervisiona os bancos nacionais americanos, incluindo o J.P Morgan. Dimon anunciou as perdas que o banco teve com negócios com títulos em 10 de maio, dois meses após o maior banco americano em ativos ter passado no teste do Fed, que colocou seus empréstimos e títulos em um cenário de recessão grave e simulou um choque no mercado financeiro global. As posições falhas em negócios de crédito sintético poderão resultar em uma perda adicional de US$ 1 bilhão ou mais, na medida em que essas posições forem desfeitas, disse Dimon.

O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, reiterou que os bancos classificados como “grandes demais para quebrar” deveriam ser divididos e citou especificamente o J.P. Morgan.

“Nós não precisamos que essas companhias sejam tão grandes quanto são”, disse Bullard, uma semana após o J.P. Morgan revelar uma perda de US$ 2 bilhões em operações. “Nós deveríamos dizer que queremos instituições menores que, então, possam fracassar se precisarem fracassar”, acrescentou, apesar de chamar o J.P. Morgan de “bom participante” do mercado. Segundo ele, “mesmo um bom participante como o J.P. Morgan pode perder muito dinheiro”. (Com Dow Jones Newswires)

Fonte: Caroline Salas Gage e Craig Torres | Bloomberg, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.