PF faz busca nas residências de ex-diretores
A Polícia Federal (PF) cumpriu ontem oito mandados de busca e apreensão nas residências e escritórios de quatro ex-diretores do PanAmericano, afastados do comando do banco de Silvio Santos após a descoberta de irregularidades em seus balanços nos últimos anos. A apreensão de documentos e computadores dos executivos reforça a tese de que, além da maquiagem contábil, houve fraude interna e desvio de recursos da instituição, que teriam colaborado para o rombo de R$ 2,5 bilhões revelado pelo Banco Central (BC) e coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
A PF baseou-se no relatório parcial do BC sobre o PanAmericano, cujo acesso é restrito às partes envolvidas e seus advogados. Segundo a nota divulgada ontem pela instituição, após a análise da documentação recebida do BC, a PF solicitou a busca e apreensão à Justiça no intuito de encontrar indícios dos crimes financeiros apontados no relatório, provas da autoria e “documentos que levem ao rastreamento da quantia bilionária supostamente desviada do banco”.
Ainda segundo a nota, os principais crimes investigados são lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, indução de investidor a erro, inserção de elemento falso em demonstrativos contábeis, formação de quadrilha e sonegação fiscal.
As ações da PF foram realizadas nas casas e escritórios do ex-diretor superintendente do PanAmericano, Rafael Palladino; do ex-diretor financeiro Wilson Roberto de Aro, e de outros dois diretores. Nenhum dos nomes foi confirmado pela PF e pela 6ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo – cujo titular, o juiz Fausto De Sanctis, concedeu os mandados solicitados pela polícia -, já que medidas cautelares de busca e apreensão tramitam em segredo de justiça.
Até o fechamento desta edição, apenas os nomes de Palladino e Aro foram confirmados por fontes que acompanham o caso. Os outros dois ex-diretores alvo da operação da PF estão entre os oito executivos afastados da direção do banco.
No PanAmericano, Palladino e Aro são apontados internamente como os responsáveis pelas irregularidades nos balanços do banco, que levaram Silvio Santos a negociar uma saída para evitar a liquidação da instituição. O controlador tomou um empréstimo de R$ 2,5 bilhões para cobrir o rombo e, em troca, deu como garantia todo o seu patrimônio, incluindo a rede de televisão SBT. Ambos contrataram advogados criminalistas ainda em novembro, logo após a descoberta dos problemas no banco.
O advogado Celso Vilardi, que atende Rafael Palladino junto com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, disse ao Valor que passou o dia em Brasília e não tinha detalhes do que foi apreendido na casa de seu cliente, mas garantiu que não foi “nada de relevante para a investigação”. Os agentes e delegados da PF chegaram por volta das 7h à casa do executivo, que mora com sua família no Itaim, bairro nobre da capital paulista.
Já a busca e apreensão na residência de Wilson Roberto de Aro teve início às 6h, quando cerca de dez agentes e delegados da PF chegaram ao prédio L’Essence Jardins, localizado na rua Haddock Lobo, na capital paulista. A ação da PF no apartamento, que tem 734 metros quadrados e cinco suítes, demorou quase quatro horas. Depois de vasculharem o imóvel, os policiais levaram dois computadores – um desktop e um notebook – e documentos. Procurados pelo Valor, os advogados de Aro não se manifestaram sobre a ação da PF.
Fonte: Cristine Prestes, Valor Economico