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Os riscos dos pastinhas ou agentes autônomos de investimento

A busca de alternativas mais rentáveis para investir já não se restringe aos grandes bancos de varejo. A queda dos juros vem obrigando os investidores a peregrinar por corretoras e gestores independentes de fundos. Isso causa dificuldades para quem reside longe dos grandes centros, pois a maioria dessas empresas está localizada nos grandes centros, à frente São Paulo e Rio de Janeiro. Como abrir um escritório em cada cidade está fora de cogitação para as corretoras, a saída é valer-se de representantes, os chamados agentes autônomos de investimento, conhecidos popularmente como pastinhas, espécimes de profissionais que não param de crescer.

Segundo José David Martins Júnior, diretor da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras (Ancord), entidade que certifica esses agentes, a perspectiva é que seu número aumente dos atuais 12 mil para 50 mil, nos próximos anos. No que depender do mercado, essa cifra será atingida em breve. “Hoje, temos dois mil agentes autônomos e devemos ampliar esse contingente para cinco mil, em cinco anos, o que nos permitirá atuar em 200 cidades brasileiras sem precisar ter escritórios próprios”, diz Guilherme Benchimol, presidente da XP Investimentos, a corretora que mais emprega pastinhas. Segundo ele, o mercado tem muito espaço para crescer.

“Nossa estimativa é que, ainda hoje, existam 7 mil milionários brasileiros que investem na poupança, uma aplicação que perde até da inflação”, diz Benchimol. Para Welber Brito, diretor da Méthode Consultoria, além dos clientes milionários, os pastinhas estão de olho nos endinheirados que não têm acesso aos private banks. “Temos jovens formando poupança agora, que querem garantir uma renda no futuro e estão dispostos a arriscar”, diz. Por isso, não estranhe se um deles bater em sua porta para lhe oferecer produtos financeiros. Saiba quais são os cuidados necessários antes de aceitar uma proposta. O primeiro cuidado é verificar se o profissional está autorizado a trabalhar, o que pode ser feito mediante consulta à página da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na internet.

Lá é possível confirmar se o agente está ligado a alguma corretora e se possui a certificação CPA 20 exigida por lei. O segundo cuidado é prestar atenção à forma de o profissional tratar de sua própria remuneração. O trabalho do pastinha resume-se a fazer a intermediação entre uma corretora de valores e o cliente, algo similar ao de um corretores de imóveis ou de seguros. “Ele é um vendedor de produtos financeiros como ações, títulos públicos e debêntures”, diz Ricardo Torres, que divide seu tempo entre as aulas na Brazilian Business School (BBS) e o trabalho como agente autônomo. A remuneração do agente vem das comissões, que são pagas pelas corretoras quando o cliente faz algum investimento.

Assim, se ele cobrar a consulta, é bom acionar o alerta vermelho. O terceiro cuidado é prestar atenção na forma como o agente está trabalhando. O produto mais comum a saltar da pasta de um agente é um prospecto de venda de ações. “Os 550 mil investidores cadastrados na Bovespa são os alvos prioritários desses agentes”, diz Martins Júnior, da Ancord. O agente não pode forçar nenhuma venda. Segundo Mauro Calil, que deixou de atuar como agente autônomo, em setembro, para se dedicar a programas de educação financeira, nenhum profissional pode induzir o cliente a aplicar em um determinado produto. “O agente apenas mostra as alternativas de acordo com o perfil de risco”, diz.

Para sossego dos investidores, os agentes terão uma atuação mais controlada de agora em diante, pois a CVM promete endurecer na fiscalização, em parceria com a BM&FBovespa. Nos últimos meses, CVM e Bolsa vêm realizando auditorias sistemáticas nos escritórios dos agentes. A CVM supervisiona esses profissionais indiretamente, pela análise de suas operações. Em caso de dúvida, a autarquia envia inspetores aos escritórios dos profissionais, para esquadrinhar livros e sistemas. Compensa entregar seus recursos a um pastinha? Em um ambiente de juros baixos, qualquer ponto percentual a mais na rentabilidade das aplicações financeiras faz toda a diferença.

Assim, faz sentido buscar a assistência de um agente autônomo na hora de escolher uma aplicação. “Se a pessoa pensa no longo prazo e for bem orientada, ela pode aplicar em um fundo de private equity, cujo retorno pode ser muito acima da média, mas demora dez anos”, diz Brito, da Méthode Consultoria. César Caselani, professor da FGV, avalia que a função dos agentes não é apenas solidificar a base das corretoras, mas sim conscientizar a população de que o modo de ganhar dinheiro no Brasil mudou. “O investidor terá de garimpar e estudar o mercado antes de aplicar, e terá de estar atento ao fato de que as melhores aplicações nem sempre estão nos bancos”, afirma Caselani.

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Fonte: Fernando TEIXEIRA e Patricia ALVES, Istoé Dinheiro 

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.