“Operação Trevo” desarticula esquema de lavagem de dinheiro por meio de títulos de capitalização
No Amazonas, o alvo da “Operação Trevo” foi o empreendimento conhecido como Amazonas dá Sorte, com sede localizada na Avenida Tarumã, no bairro Praça 14, zona Centro Sul da capital, onde agentes da Polícia Federal no Amazonas cumpriram mandado de busca e apreensão. Entre outros materiais, no local, foram apreendidos documentos e computadores. Nenhum policial federal falou sobre o cumprimento do mandado.
O Advogado que representa a empresa Amazonas dá Sorte, José Carlos Cavalcante, esteve na sede do “Amazonas dá Sorte” e considerou ação da PF como arbitrária. Ele afirmou que foi impedido de exercitar a atividade, em nome dos seus clientes, e que a empresa vai processar os agentes federais por abuso de autoridade. “A busca judicial é um ato judicial e deve ser acompanhada por um advogado!”, disse.
De acordo com as investigações, a organização criminosa operava por meio de loterias estaduais, utilizando títulos de capitalização, cujos valores arrecadados eram repassados a entidades filantrópicas de fachada, fazendo com que o dinheiro ilícito retornasse ao grupo, por meio de procedimentos suspeitos, com fortes indícios de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado mais de um R$ 1 bilhão.
O advogado José Carlos Cavalcante disse que nenhum cliente que adquiriu os títulos de capitalização será prejudicado, por conta da Operação da Polícia Federal. As buscas na sede da empresa que tiveram início as 8h, só foram concluídas por volta do meio dia.
Utilizando cerca de 300 policiais federais em todos os Estados onde as ações foram deflagradas, a Operação “Trevo” cumpriu 57 mandados de busca e apreensão, 47 de seqüestro de valores, bens móveis e automóveis de luxo, 12 mandados de prisão temporária e 24 mandados de prisão preventiva nos Estados de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Alagoas, Goiás, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Espírito Santo, Pará, Piauí e Minas Gerais.
Os investigados devem responder pelos crimes de contrabando, crime contra o Sistema Financeiro Nacional, jogo de azar e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas ultrapassam o limite de trinta anos.
Realizado toda semana, em Manaus, com transmissões pelo Rádio e TV, o “Amazonas dá Sorte” sorteia prêmios de considerável valor econômico, com a participação de moradores da capital e de vários municípios do Interior do Amazonas.
Não para por aqui
A partir de uma investigação policial no Rio Grande do Norte, a Polícia Federal em Pernambuco chegou a três grupos que cometiam diversos crimes financeiros em 13 estados do Brasil. Eles agiam na confecção e exploração de máquinas caça níquel, nos pagamentos de premiações de bicho, lavagem de dinheiro e emissão bilhetes de loteria, disfarçados de títulos de capitalização popular. A Operação Trevo baseada principalmente em Pernambuco, investigou em nove meses a prática que movimentou mais de R$ 1 bilhão fraudados nos últimos quatro anos.
No braço mais sofisticado, o conglomerado Dá Sorte, de origem pernambucana e com atuação em mais oito estados, utilizava a boa fé dos clientes e não repassava o valor garantido em lei para as instituições beneficentes.
A Ativa Brasil, com sede em Minas Gerais, era administrada por funcionários ligados ao grupo Dá Sorte, que em manobras fiscais transferiam milhões de reais em contas de laranjas. De acordo com a Polícia Federal, R$ 500 milhões deixaram de ser aplicados em ações sociais para retornar ao grupo Dá Sorte.
Um outro segmento estava baseado em São Paulo, comandado pela Chock Machine. Ela importava componentes ilícitos da China para confeccionar, distribuir e arrecadar dinheiro de máquinas eletrônicas programáveis.
O terceiro grupo era a banca A Paraibana, com sede em Pernambuco e movimentações em estados do Nordeste. O foco principal era o jogo do bicho, garantindo o pagamento de prêmios e promovendo a lavagem de dinheiro.