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Novo mercado já é metade do Ibovespa

BovespaPouco mais de dez anos após a criação do Novo Mercado, as companhias desse segmento invadiram o Índice Bovespa, refletindo as preferências dos investidores e evidenciando a carência histórica do mercado local por novos ativos. Das 64 companhias que compõe o indicador, 31 são do espaço diferenciado de governança da bolsa paulista – praticamente a metade. Essas empresas respondem por 38% do peso da carteira teórica. Em 2007, ano de maior atividade do mercado, eram 14 empresas, que somavam 12,5% de participação no índice.

Integrar a carteira do Ibovespa significa estar entre as ações mais negociadas da bolsa, pois a liquidez nos últimos 12 meses é o principal quesito de composição desse indicador.

A formação atual do índice é um sinal de que os investidores estão dando preferência às companhias com maior governança, o que fez com que elas saíssem, em pouco tempo, da lista das novatas para a de mais negociadas.

Embora o Novo Mercado tenha sido criado em dezembro de 2000, somente a partir de 2004 é que houve atividade efetiva nas aberturas de capital, com 135 estreias desde então. Antes disso, apenas a CCR, em 2002, fez uma oferta inicial de ações.

“O Índice Bovespa é o retrato fiel do que é negociado no mercado”, ressaltou Gilberto Mifano, hoje presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e executivo que atuou diretamente na criação do Novo Mercado e dos níveis de governança (1 e 2), quando estava na então Bovespa (hoje BM&FBovespa).

Das 31 companhias do Novo Mercado que estão na elite de liquidez da bolsa, 21 são empresas que abriram capital após a criação do segmento. As demais já eram negociadas e aderiram ao padrão, convertendo ações preferenciais em ordinárias.

A formação do Ibovespa é revisada a cada quatro meses. “É um processo dinâmico de entrada e saída de companhias”, destacou Antônio Carlos Rebello, diretor de relações com empresas da bolsa. Da carteira vigente, apenas dez empresas não possuem nenhum selo de governança.

Tanto Mifano, que atuou na criação do Novo Mercado, como Rebello destacam ser surpreendente a força que as empresas do espaço diferenciado conquistaram no mercado nacional. “É um diferencial de comprometimento, por conta dessa composição. As companhias que hoje formam o Ibovespa estão mais preparadas para enxergar o mercado como componente de seu crescimento”, disse o executivo da BM&FBovespa, lembrando que o cenário era exatamente o oposto há cerca de dez anos. Na época, o país vivia um movimento de fechamento de capital e o mercado praticamente não era usado pelas empresas como instrumento de capitalização.

“O mercado estava totalmente concentrado em telecomunicações”, lembrou Mifano, por causa da privatização do sistema Telebrás. Em dezembro de 2000, quando o Novo Mercado foi anunciado, o indicador era composto por 57 ações e 48 empresas – mas 15 delas pertenciam ao setor de telecomunicações e somavam mais de 45% de participação no indicador. Atualmente, o indicador tem 69 ativos e 63 empresas e nenhum setor tem uma representação tão significativa. O número de setores que participam da formação da carteira teórica subiu de nove para 15.

Assim, o Novo Mercado e os níveis, ao contribuírem para a revitalização do mercado brasileiro, também promoveram a melhora do problemas históricos do Ibovespa, como a excessiva concentração em poucos setores e companhias. “Hoje dá para fazer seleção de empresas de verdade”, conta Eduardo Favrin, diretor de renda variável do HSBC.

Com as aberturas de capital, ingressaram no índice os setores de construção, frigoríficos, operadoras de cartões de crédito, açúcar e álcool, entre outros. Além disso, o segmento de consumo ganhou novos representantes no índice.

Para Favrin, o Ibovespa ainda sofrerá muitas modificações, porque o mercado o brasileiro ainda está em fase de desenvolvimento.

Uma das críticas ao Ibovespa era a pouca correlação com os setores relevantes para o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Segundo Favrin, houve uma evolução importante nesse sentido nos últimos anos. Contudo, ainda há muito para ocorrer. “Finalmente, o mercado passou a ser visto pelas empresas como instrumento de captação.”

Para ele, faz sentido que no futuro setores como turismo, alimentos, agronegócios e infraestrutura tenham mais representantes na bolsa. “A economia brasileira, ao contrário de outros países emergentes, é muito diversificada. O mercado também pode ser ainda mais do que é hoje.”

Na avaliação do diretor do HSBC, foi o Novo Mercado que permitiu esse movimento, pois chamou atenção do investidor.

“A tendência é se aproximar cada vez mais do PIB”, também aposta Rebello, da BM&FBovespa. O diretor da bolsa acredita que além de novas aberturas, muitas companhias ainda irão migrar para o segmento diferenciado. “Acho que o movimento da Ultrapar (a companhia está em processo de migração) vai ser um divisor de águas, assim como foi a Natura para as aberturas de capital”, disse o executivo. Para ele, muitas companhias vão seguir esse exemplo, em busca de uma melhor avaliação pelos investidores e a consequente valorização do negócio.

Porém, Mifano, do IBGC, destaca que por um longo tempo existirão as blue chips que não estão no Novo Mercado e que convivem bem com a estrutura de capital formada por ações preferenciais e ordinárias. “Não há necessidade que seja tudo Novo Mercado.”

O crescimento, contudo, será natural. Quando observada toda a bolsa, as companhias dos níveis diferenciados de governança já respondem por 80% de todo o volume diário negociado e 65% de toda a capitalização bursátil, que é de R$ 2,5 trilhões.

Ao longo do tempo, o aumento da presença de companhias do espaço diferenciado no Ibovespa também deve melhorar outro ponto crítico: a concentração de capital nas mãos dos donos das empresas. É crescente o número de empresas, entre as do Novo Mercado, que já não possuem um sócio que tenha mais de 50% do capital.

Por enquanto, a concentração de capital do Ibovespa permanece inalterada em 57%. Mas hoje, o indicador já conta com empresas cujo capital está totalmente ou quase disperso na bolsa, como Lojas Renner (a primeira a pulverizar as ações, em 2005), Gafisa, PDG, Hypermarcas e a própria BM&FBovespa.

Não é difícil prever que tal movimento, portanto, ampliará a dispersão no futuro.

A evolução histórica média dessa concentração do Ibovespa sofreu com a megaoferta de R$ 120 bilhões da Petrobras no ano passado. A União ampliou sua participação na estatal, elevando a concentração na empresa e, portanto, do próprio índice – a empresa é a maior e mais relevante do indicador.

Fonte: Graziella Valenti, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.