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Nova Ptax já mostra resultados bons e ruins

100 dolaresA nova forma de cálculo da Ptax está em vigor há quatro dias e os resultados já são visíveis. Tanto para o bem, quanto para o mal.

Ao substituir a média ponderada pelo volume negociado por uma média aritmética de quatro consultas feitas entre 10 horas e 13 horas, o BC pretendia, entre outras coisas, eliminar a distorção na formação de preço, já que agentes inflavam o volume transacionado para tentar dar viés à formação dessa taxa que serve de referência para liquidação de ampla gama de contratos cambiais.

Tal objetivo foi prontamente atingido. O novo modelo de cálculo e a redução do horário não permitem “manipulações”.

No entanto, sem os antigos “formadores de Ptax” em ação, o volume no interbancário já se reduziu sensivelmente, o que tem criado dificuldades para os agentes internarem ou remeterem valores para fora do país.

Segundo operadores e tesoureiros, a nova Ptax tirou os agentes que forneciam liquidez para o mercado físico de dólar.

“O pessoal da Ptax dava essa liquidez, pois estava diariamente entrando e saindo do mercado. Agora, o mercado minguou”, disse um operador que não quis se identificar.

A nova Ptax e essa diminuição de liquidez já trazem novas práticas ao mercado.

O exemplo dado por um agente é o seguinte: no modelo antigo, quando tinha uma entrada de US$ 100 milhões para se fazer, bastava dividir em dois lotes e pedir a cotação no mercado que o volume era rapidamente absorvido, sem grande distorção de preço.

Agora, esses mesmos US$ 100 milhões têm de ser divididos em cinco operações menores de US$ 20 milhões, por exemplo, pois o mercado não tem capacidade de absorver a oferta sem que isso resulte em grande variação de preço.

Fora isso, se o restante do mercado sabe ou apenas desconfia que algum agente tem de fazer alguma operação volumosa, automaticamente os preços se alteram. Ou seja, fica mais “caro” fazer remessa ou ingresso de moeda.

Um operador lembra que o fluxo no país nunca para. Ele é real todos os dias, seja positivo ou negativo. Mas agora, os grandes bancos que davam a liquidez e faziam a Ptax estão fora de ação.

“Falando em português claro: antes o cara era roubado pela Ptax manipulada. Agora ele é prejudicado pela falta de liquidez”, disse outro operador, lembrando que tal ambiente também resulta em maior “preço” no “casado”, que é o mercado de dólar pronto contra o futuro.

Outra intenção do BC ao mudar a Ptax era tirar força do mercado de derivativos e deixar a taxa mais fidedigna ao mercado físico de dólar, onde se computam as efetivas entradas e saídas de moeda.

A questão é que como o mercado de dólar físico é um “clube restrito”, a liquidez se concentra na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), onde há maior liberdade de participação..

Como bem notou o diretor da Corretora NGO Corretora, Sidnei Moura Nehme, para que tal intento seja conquistado seria fundamental uma revisão dos normativos que regem o câmbio, permitindo a participação de mais agentes no mercado à vista, como as empresas, e novas modalidades de operação, como preços futuros, no câmbio físico.

Com isso, parte dos negócios que se faz na BM&F poderia migrar para o mercado à vista, que ganharia volume e representatividade. É fato que, quanto maior a liquidez e o número de participantes, mais transparente é a formação de preço.

Ainda de acordo com Nehme, a mudança promovida pelo BC é um avanço, que pode ser complementado ampliando a liberdade de operações e participantes no mercado físico de câmbio.

Naturalmente, lembra o diretor, as mudanças serão criticadas por investidores e especuladores. “Afinal, remédio bom costumeiramente é amargo.”

Voltando à questão da redução de volume no mercado físico, se tal quadro se agravar ou mesmo perdurar, não fica descartada a possibilidade de assistirmos a distorções de preço entre o dólar à vista e futuro, bem como uma disparada na taxa do cupom cambial (juro em dólar).

Tal quadro já foi observado em abril, quando a escassez de moeda deixou o dólar futuro mais barato do que o pronto e as taxas de cupom dispararam. Tal quadro se estabilizou com a normalização do fluxo e a chegada dos arbitradores no cupom cambial.

Olhando o pregão de quarta-feira, o dólar voltou a subir, ganhando 0,38%, a R$ 1,57 na venda.

A formação de preço seguiu o câmbio externo, onde o dólar ganhou de rivais e o euro caiu 0,76%, a US$ 1,431.

No entanto, durante parte do dia, o real ficou descolado da influência externa. Tal demostração de força foi atribuída a uma entrada de US$ 250 milhões.

Fonte: Eduardo Campos, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.